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YAGA: em tempos obscuros, um novo festival dedicado a comunidade LGBTQ+

Há pouco mais de um mês antes de acontecer, o YAGA havia sido anunciado nas redes sociais, sem muitas informações, deixou o público ansioso pelo line-up. É a primeira vez que um festival desse porte ganha palco em São Paulo, criado de forma totalmente independente, trouxe um intercâmbio cultural afim de fortalecer e empoderar artistas do underground através da arte.

Mesmo com os tempos obscuros em que estamos vivendo, o YAGA aconteceu, foram dois dias de música (3 e 4 de novembro), o local escolhido foi o Love Story, uma famosa balada no centro da cidade.

O line-up contou com artistas nacionais e internacionais e marcou a vinda inédita de Arca, produtor venezuelano conhecido por trabalhar com diversos artistas, entre eles Björk, Kanye West, FKA Twigs, e SOPHIE, produtora trans que já vinha trabalhando com artistas e lançando singles desde 2013. Em 2018 ela lançou seu primeiro disco de estúdio , que inclusive vem sendo muito elogiado pela mídia especializada.

YAGA
SOPHIE

No sábado (03/11) o line-up contava com Arca, Alada, Cemfreio, Aretha Sadick, FKOFF1963, Juliana Huxtable, Mia Badgyal, ØníricaLV1SLV1S, a casa abriu por volta das 23h como informado anteriormente e o fim da festa estava previsto para terminar às 9h00 de domingo.

Cheguei por volta de 01h00 da manhã, o horário de verão acabou deixando eu e alguns um pouco confusos, logo na entrada vi uma grande movimentação, e o mais legal foi ver pessoas de diferentes lugares e subculturas todas unidas e também vestidas como queriam, era um mix de felicidade e liberdade para quem estava ali.

Um ponto alto e logo principal que devo destacar fica por conta do staff do festival, composto por pessoas trans, desde a entrada, passando pela segurança e bar, super simpáticas e profissionais, inevitável mencionar que elas também eram responsáveis pela aura da festa.

Já dentro da casa, um público animado, dançando ao som de MATMA, que já estava a terminar sua apresentação. Imprevistos sempre acontecem, houveram alguns atrasos, mas o público estava tão animado e não parava de dançar ao som de ALADA, que iniciou sua apresentação por volta das 2h10 da manhã. O set teve muito techno e funk carioca com mashup de outras músicas do pop, rock e metal.

Passava das 03h00 quando Arca surgiu nas escadas, calçando botas vermelhas, com as pernas de fora e um tipo de smoking, maquiagem, óculos escuros, saudou o público com rosas, a partir dali ganhou a noite com sua performance.

Logo no início caminhou entre todos da pista cantando e em seguida começou seu DJ set, que partiu do techno e industrial, reggaeton e música típica venezuelana. A participação do performer brasileiro Saullo Berck também foi destaque durante o set e animou a apresentação.

A artista caminhou por toda a casa, deu selinho e abraços em fãs, subiu no queijo e interpretou falas já conhecidas em suas apresentações, interagiu com o público e disse estar feliz por participar de um festival como esse. Falou sobre valorizar os artistas. A expressividade de Alejandra é com certeza o destaque, às vezes elegante ou ‘obscena’.

O show acabou por volta das 4h15 da manhã, mesmo assim a animação continuava, muitos dançavam, circulavam pela casa ou iam até a área de fumantes (que estava lotada). Precisei ir embora, mas sei que a festa continuou até mais tarde, inclusive vi vários vídeos onde Arca interagia com a galera na pista.

Ficou claro que precisamos de eventos e festivais como esse, que dê voz a pessoas e fortaleça a arte. Parabéns aos organizadores que apostaram no evento, espero que o saldo tenha sido positivo e que a jornada continue, e que da próxima mais pessoas e também empresas se sensibilizem para apoiar com patrocínios.

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