A história de William Maybelline começa em 2010 quando conheceu Larissa Iceglass em sua cidade natal, Sunderland, no Reino Unido. Compartilhando de várias ideias em comum, decidiram se juntar para compor músicas, na época, ambos estudavam arte e design, resolveram largar tudo e seguir para Berlim, onde dariam o primeiro passo na carreira musical.
Foi também dessa conexão que surgiu o nome Lebanon Hanover, a união de duas cidades totalmente distintas e sem nenhuma conexão, para Larissa, se houver conexão há como se imaginar um lugar bonito.
Em 2011 lançaram um split com a banda La Fete Triste, onde gravaram quatro músicas, sendo Totally Tot uma delas, que mais tarde entrou no primeiro disco The World is Getting Colder lançado em 2012 via Fabrika Records, muito bem recebido pela crítica.
A partir daí a banda começou a fazer turnês pela Europa, passando por países como Rússia, Itália, Ucrânia, Alemanha e Espanha.
No mesmo ano lançaram o segundo disco, Why Not Just Be Solo? Seguido do maravilhoso Tomb For Two que veio em 2013, nem precisamos confirmar que Gallowdance é o novo hino das pistas góticas de todo o mundo né?
Para enriquecer sua discografia ainda vieram o quarto disco Besides the Abyss e o atual Let Them Be Alien, que sem dúvida consolidou a banda como uma das melhores da cena gótica/alternativa.
Não contente apenas com sua banda, William Maybelline começou a trabalhar em um projeto solo, chamado Qual, onde exploraria mais o lado industrial e eletrônico.
Em 2014 lançou três músicas em um 7′, um ano mais tarde seu primeiro disco intitulado Sable ganhou forma e trouxe 10 faixas de sonoridade dançante, com dissonâncias cibernéticas que flertavam também com a EBM dos anos 80 feito por artistas como Front 242 e Nitzer Ebb.
Inesperadamente em 2016 o projeto fez um show único e exclusivo no Brasil, durante o Wave Winter Festival, realizado no Madame Club pela produtora e gravadora Wave Records.
E foi assim, quase que simultaneamente que o Qual vem lançando músicas novas. Em 2017 o EP Cupio Dissolvi trouxe um som mais maduro.
E isso definitivamente foi concretizado no segundo disco lançado esse ano, The Ultimate Climax. Com novos experimentos, e um som sombrio, recheado de letras sobre o existencialismo humano.
Aproveitando esse lançamento, trocamos algumas palavras com William Maybelline sobre sua música e também sobre o tempo atual que vivemos, já que este tem um grande impacto nas letras de ambos os projetos.
Com o Lebanon Hanover você traz de volta o som minimal/post-punk dos anos 80, que nos dias de hoje é considerado um hino em clubes góticos, e parece que o mesmo está acontecendo com o Qual, mas agora você flerta com o lado industrial/eletrônico da música. Pra você, ambos os gêneros tem o mesmo processo de composição ou são caminhos totalmente diferentes?
William: Existem algumas diferenças, por exemplo, geralmente costumo me limitar até um certo ponto, afim de manter o domínio daquilo que consideramos dentro desses estilos.
Digo limite, mas uma vez que isso é alcançado, procuro algo que pelo menos seja interessante ao escrever… seja isso um certo som textual, um certo humor e sempre o mais importante, uma atmosfera para a música.
Tudo é baseado em uma certa visão que tenho sobre a direção de uma faixa, o processo de criação é semelhante, já que normalmente preparo um riff como base e trabalho em cima disso.
Desde o primeiro disco, Sable, as letras retratam fortes sentimentos, você prefere falar sobre seus sentimentos pessoais ou sua visão de mundo?
William: Minhas letras são baseadas na visão existencial, e acima de tudo amo exagerar nos textos, acho que é a melhor maneira de me expressar e há uma emoção brutalmente profunda e sincera nisso e que me diz respeito.
No novo disco The Ultimate Climax você traz novos experimentos para o seu som, como na música Above Thee Below Thee fazendo aqueles vocais agressivos. Você sente a necessidade de trazer algo novo para esse tipo de música ou apenas deixa sua mente criativa fluir?
William Maybelline: Estou dando toques pessoais a esses estilos naturalmente, ao mesmo tempo tenho consciência de que estou trazendo algo novo a tona.
Não suporto cópias de bandas que já vieram antes. É clichê demais. Só estou inspirado e revigorado quando alguma coisa é diferente do que já foi feito. Pelo menos uma reviravolta em alguma coisa.
Como tem sido as performances ao vivo com o Qual?
William: Incríveis na maioria das vezes, as pessoas realmente se entregam e quanto mais isso acontece, mais eu retribuo, eu coloco cada célula do meu corpo em qualquer coisa que faço.
Em 2016 você se apresentou pela primeira vez no Brasil no Wave Winter Festival, o que você pode nos contar sobre essa experiência?
William: Foi muito intenso, o público foi intenso, uma energia poderosa.
Você acha que estamos vivendo uma era sombria? Quero dizer, smartphones, computadores, relacionamentos e tecnologia, como você lida com isso?
William Maybelline: É verdade que há muitas coisas nos dias de hoje que podemos classificar como sombrias, especialmente com o avanço da tecnologia.
Estou ciente disso e minha esposa também, e manteremos isso em casa com nosso filho. Entendemos que os dispositivos digitais podem ser viciantes e, por isso, não permitimos ser a ferramenta da máquina. As máquinas que são nossas ferramentas e a usamos com sabedoria.
O que você acha que podemos esperar da música no futuro?
William: Artistas projetados em hologramas ou ciborgues sendo artistas. Cantores/escritores humanos de verdade serão raros, eles serão a minoria.
Muito obrigado pelo tempo em responder as perguntas.
William: Muito obrigado! Eu gostei das perguntas.