Quarto Negro foi uma dupla formada pelo Eduardo Praça e Thiago Klein de rock independente/alternativo de São Paulo.
Há algum tempo os músicos já anunciavam que a banda havia acabado, e toda e qualquer esperança de ver Quarto Negro ao vivo era ínfima. Mas a felicidade de ver esse show, o meu primeiro do ano, foi imensa. E eu sinto por todo mundo que perdeu, foi uma noite memorável e extremamente agradável.
O primeiro show foi de Apeles, banda/projeto solo do Eduardo Praça. Eu já havia escutado seus disco Rio do Tempo, lançado em 2017, algumas vezes, mas confesso que a performance superou qualquer expectativa que eu poderia ter criado.
Com uma sensibilidade e doçura extrema, fomos encantados pela voz que ecoava na Breve. Apenas voz e piano fizeram com que a plateia ficasse hipnotizada e fosse levada de uma maneira muito gentil ao longo de suas músicas.
O artista também cantou algumas músicas novas, que certamente irão compor seus próximos trabalhos. O que mais me impressiona além das melodias melancólicas e suaves que permeavam todas suas músicas, foi a interpretação belíssima de cada uma. Foi como flutuar em águas calmas, ser levada e guiada por todo esse caminho repleto de sentimentos bons.
O último show do Quarto Negro. Trágicas palavras que anunciavam o fim de shows, porém jamais o fim das músicas. Todo o trabalho da banda será lembrado por todos. Formada em 2008 e tendo lançado alguns EP’s e dois discos: Desconocidos (2011) e Amor Violento (2015), a banda não poderia ter selado essa jornada com uma apresentação mais bonita. Performance intimista, porém um pouco mais psicodélica, encantou o público naquela noite nublada de sexta feira.
A banda sempre foi sinônimo de sensibilidade à flor da pele para mim. Sempre foi sobre sentir demais e ser levada por todos os sentimentos, e às vezes, quando eles se tornam insuportáveis por tamanha intensidade, de explodir junto com eles. Foram incontáveis as vezes que passei ouvindo Versânia II (Delírio Mútuo) sofrendo por nada e por tudo.
Mas sofrimento no sentido de se entregar de corpo e alma a tudo que a canção nos traz. E ouvi-la ao vivo, fez com que eu quisesse estender esse momento por pelo menos mais algumas horas, aquela sensação de “por favor, não acabe!” ainda não me deixou até o momento que escrevo isso.
Os pontos altos da noite além da Versânia II, a que eu mais aguardava, foram Há um Oceano Entre Nós Dois e Filhos do Frio, que nos fazem lembrar o quanto os dois álbuns lançados são importantes e de como as músicas dos dois se complementam e combinam. Também foi bonita a interação do público, pedindo músicas e cantando junto Mala Mujer.
Agradecimentos vieram quando Eduardo se manifestou dizendo que geralmente cantava de olhos fechados, mas devido ao enorme carinho de todos ali presentes, que ele cantava de olhos abertos para ver todos cantando juntos e receber todo o amor dos fãs. Com tudo isso dito, lembramos que é triste dar adeus, mas é incrível saber que a jornada não poderia ter sido melhor. Obrigada, Quarto Negro.
Ouça Apeles e Quarto Negro nos principais serviços de streaming:
https://open.spotify.com/embed/artist/1eQ0Wu72VixfAawXVDdxpN
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