A banda, o disco de estréia e a recepção
A Ousel foi formada no ano de 2016 em Goiânia, e atualmente conta com João Paulo Guimarães (guitarra), Renato Fernandes (guitarra/teclados), Thais (voz) e Túlio Queiroz (baixo).
Em janeiro desse ano lançaram seu primeiro disco de estúdio, o auto intitulado Ousel. As oito músicas tem como tema emoções variadas, que surgem diante da vulnerabilidade e da insegurança das pessoas e suas relações.
Pra expressar esses sentimentos, as composições vão de momentos bonitos, etéreos a climas mais intensos. Dentre suas principais influências estão bandas já conhecidas na rota do post-rock e dream pop, nomes como Mogwai e Slowdive.
A viabilidade do disco seu deu por conta da Lei de Incentivo a Cultura da cidade de Goiânia, o material foi gravado, mixado e masterizado no Estúdio Resistência, com produção de Lucas Rezende (Aurora Rules) e Francisco Arnozan, profissionais renomados na cena local.
Assim, como resultado ganharam recepção tanto dentro do país em blogs já conhecidos da cena musical alternativa e independente, como também em outros lugares no mundo. A banda já teve suas músicas executadas em rádios como DKFM (EUA), Tribe FM (Austrália), Kaos Caribou (França), WFMU (Nova Iorque), só pra citar algumas.
A música ”Silent Mess” foi escolhida como single e ganhou um vídeo clipe que você pode conferir logo abaixo:
— Entrevista —
Contem pra gente como a banda surgiu, vocês já se conheciam de algum projeto anterior?
A banda surgiu no início de 2016. Nas férias de Janeiro, eu chamei o João (guitarra) pra começar a criar algumas canções instrumentais de forma despretensiosa, em casa mesmo. Fizemos alguns ensaios e compusemos “Maya”, em estrutura e melodia. Quando a gente percebeu que havia um potencial na música, decidimos deixar de ser um duo e passamos a mirar na idéia de ter a Ousel com uma formação mais completa, com baixo, bateria e voz.
Falando baseado na formação atual da banda, somente eu e o Túlio (baixo) já havíamos tocado juntos anteriormente. Foi um projeto musical que não durou muito tempo. Fizemos alguns ensaios, mas não chegamos a lançar nenhuma música.
Em uma pesquisa descobri que Ousel é o nome de um pássaro, como vocês chegaram até esse nome e por que o escolheram?
A escolha do nome foi feita logo no início do projeto quando eu e o João éramos um duo, como já havia dito. Sempre buscamos algo que fosse simples, minimalista e o ousel (melro, em português), por ser um pássaro selvagem típico de regiões frias, nos parecia uma escolha certeira. Era um nome diferente, curto, e a imagem do pássaro dialogava bem com o som que a gente fazia, muito baseado na construção de ambiências e paisagens sonoras etéreas.
O disco de estréia fala muito de emoções, que inclusive são muito bem transmitidas nas suas músicas que mesclam elementos de post-rock e dream pop. Como vocês chegaram até essa sonoridade?
Essa sonoridade é proveniente de coisas que ouvi ou longo de praticamente toda minha vida adulta (risos). Quando entrei na universidade, em 2009, eu já ouvia artistas como Brian Eno, Daniel Lanois e bandas como Slowdive, Low, Cocteau Twins entre outras do gênero. Na nossa primeira reunião como duo, já havíamos decidido que era esse o rumo sonoro que a banda tomaria.
Falando ainda sobre sonoridade, existem outros gêneros musicais fora do rock que vocês escutam ou que de alguma forma influenciam a banda?
Bem, fora do rock eu acredito que possa citar a música ambiente como o gênero que mais influenciou de forma direta o som da banda. É difícil citar influências fora do rock porque se trata de um estilo de música com diversas ramificações, mas vou citar duas cantoras jovens que admiro e ouço, ambas da música pop. Maggie Rogers, e Heloise Letissier, conhecida pelo nome artístico, Christine and the Queens. Elas são demais!
Em tempos de pandemia tem sido difícil manter uma rotina, como vocês tem passado os dias em casa?
Eu, o João, e a Thais (vocal), como não temos vínculo com nenhuma empresa privada, temos seguido à risca a quarentena. Recentemente, comecei a ler o livro “Projeto Nacional: O Dever da Esperança”, do Ciro Gomes. Tenho ouvido bastante coisa lançada esse ano de 2020. Gostei do novo da Phoebe Bridgers, ela canta demais! O João gosta de passar o tempo com jogos online, ele é o fera dos games da banda (risos). A Thaís estuda canto e acredito que deve estar no final semestre, assistindo aulas remotamente.
O Túlio, por fazer parte de uma empresa privada que não aderiu ao home office, ainda trabalha de segunda a sexta, mas tem seguido com responsabilidade as recomendações e todos os cuidados pra evitar a contaminação.
Como vocês definiriam o som da banda para uma pessoa que nunca escutou algo parecido?
Indie Rock ou Rock Alternativo. Sem complicação (risos)!
O que vocês tem escutado nos últimos meses, existe algum artista ou banda que não sai da playlist?
Cada um tem ouvido alguma referência em específico. A Thaís gosta muito de The Gathering, o João curte Tool, o Túlio tem influências mais pesadas como a banda Silent Planet, eu tenho ouvido muito Big Thief, por exemplo. Mas se for pra citar apenas uma artista que todos temos gostado em comum, é a Sharon Van Etten. A unanimidade! (risos).
Se vocês pudessem escolher apenas uma música do disco para fazer parte da trilha sonora de um filme, qual seria a música e o filme escolhidos e por quê?
A música escolhida seria “Mistaken”, para o filme “The Warriors”, no Brasil, “Os Selvagens da Noite”, clássico cult do Walter Hill de1979.
A escolha se deve, entre outras coisas, pelo fato de uma das trilhas ter me influenciado bastante na gravação das camadas de teclados em “Mistaken”. A composição a qual me refiro é, “Baseball Furies Chase”, de Barry de Vorzon, que no filme é trilha pra uma das perseguições mais legais entre gangues da história do cinema (risos). “Mistaken”é a nossa composição que sugere mais fortemente o clima de tensão, por ser toda construída entre os acordes de Fá maior e Mi menor, onde as tônicas são separadas por um semitom. Como “The Warrios” é um filme de ação que te deixa bem apreensivo, acredito que seja a melhor escolha.
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