O Cientista Perdido é como o brasiliense Rodrigo Saminêz batizou seu projeto musical, que ganhou vida em 2018. O primeiro single “Cientista” traz um sonoridade leve, etereal, capaz de te transportar para um mundo paralelo.
Nas palavras de Rodrigo: “Cientista” é a minha resposta pro mundo à uma pergunta que eu nem sei qual é. É algo que quero dizer e que sinto que precisa ser dito já faz tempo. Foi escolhida a dedo como primeira canção, a única música cujo eu-lírico sou eu mesmo, e não o personagem que criei pra me relacionar com a música. Na verdade, essa é uma música dedicada à este personagem, para que ele siga qualquer caminho sempre lembrando de sua própria essência.”
Alguns meses depois, o novo single “Before” foi lançado, este traz um sentimento saudosista:
”Quem nunca sentiu aquele sentimento confuso de sentar para assistir fitas VHS com compilados de memórias da sua infância? Ver a si mesmo no passado pode ressuscitar as alegrias e os questionamentos mais antigos e “auto-inerentes”. E é justamente a extrema individualidade da situação descrita que inspirou o segundo single d’O Cientista Perdido. “Before” traz, junto ao seu videoclipe uma paz que é, ironicamente, saudosista e inquietante, e repete constantemente a pergunta: “o que você quer ser quando crescer? “.
O single acompanha uma faixa instrumental bônus, intitulada “In the Shadows”.
Para compreender melhor as ideias, batemos um papo com Rodrigo sobre o início de seu projeto, suas composições, o futuro EP e o próximo single que sairá no dia 26 de abril.
Quando e como foi o seu primeiro contato com música?
Acho que o primeiro contato que de fato começou a mudar algumas coisas dentro de mim foi com Clocks, do Coldplay, que tocou num filme que eu tava assistindo – eu devia ter uns 10, 11 anos. Eles sempre foram minha banda favorita, muito por causa disso.
Foi a partir deles que comecei a não só ouvir, mas a me conectar com a música. O primeiro álbum completo que ouvi foi o A Rush of Blood to the Head, aí depois fui seguindo os outros discos deles.
Cada álbum era único, e eu fui me encantando cada vez mais pela ideia de discos de estúdio, conceitos sonoros, identidade musical… por aí vai.
Sobre o seu processo de composição, o que vem primeiro as letras ou o instrumental?
Isso depende. Gosto de enxergar cada música como um universo particular, logo as regras do jogo sempre vão mudando. Cientista começou há uns quatro anos atrás, quando quis escrever uma música explicando o nome do projeto de uma maneira bem indireta.
Aí a letra veio antes de tudo, tanto que só fui de fato finalizar a música no fim de 2018. Já a Before surgiu depois que eu toquei exaustivamente os dois acordes da base da música e tentei cantar algo por cima deles.
Mas não gosto, e nem pretendo ter um ponto de partida fixo p’ras minhas músicas. Isso tudo depende do que tá rolando na minha cabeça no momento.
Foi difícil definir qual seria o estilo das suas músicas?
Não só foi, mas é tão difícil que até hoje eu não sei dizer direito! Um dos pilares d’O Cientista Perdido é flutuar dentre os gêneros de uma forma fluida e orgânica, e é isso que venho tentado fazer, tanto nesses singles avulsos, quanto em projetos futuros.
Tem sido muito difícil encaixar minhas músicas em alguma fôrma justamente pelo fato do processo criativo delas ser muito imersivo pra mim. Fico tão dentro de cada universo que fica difícil sair pra olhar aquilo tudo por fora.
Mas é justamente que eu tenho um grupo seleto de amigos, que sempre acompanha todas as etapas das músicas e vai me guiando sobre o que eles acham, sentem e se recordam enquanto ouvem.
Mas no fundo, no fundo, as músicas são, sonoramente, um reflexo de tudo que eu ouço. Tudo acaba sendo uma porcentagenzinha de cada artista que estou ouvindo no momento, que no fim compõem uma identidade própria.
Qual a sua opinião sobre a cena independente nacional e a facilidade que artistas tem ao poder criar suas músicas sem ajuda de alguma gravadora?
Eu sou muito otimista em relação à cena independente. O público de artistas independentes é específico, mas é sempre um público muito caloroso e apoiador. Falando especificamente sobre Brasília, minha cidade, o que eu vejo é uma rede enorme de artistas e amigos que estão extremamente dispostos a se ajudar e se conhecer, valorizar mutuamente os trabalhos.
No entanto, a facilidade do acesso à softwares de gravação caseira e coisas do gênero as vezes parece ser desculpa para alguns artistas se manterem na mediocridade e na mesmice.
Fico feliz disso não ser recorrente na minha cena, ou ao menos não com os artistas que conheço, mas é comum ver alguns artistas de Bandcamp que tem uma falsa ambição e uma vontade de crescer que é maior do que o carinho e da alma que são colocados na música.
Isso é triste, mas ao mesmo tempo, é facilmente ignorável, devido à enorme gama de artistas incríveis que tenho o prazer de acompanhar, sempre ambiciosos e extremamente zelosos.
Pretende lançar um disco completo ou EP?
Meu primeiro EP tá a caminho! Pretendo lançar entre junho e julho desse ano, mas não prometo nada! Quem quiser alguns spoilers fica ligado nas redes sociais pra ver quando vai ter show, a gente já tá tocando algumas músicas dele.
Quais são suas influências não musicais?
Estudo letras inglês na UnB, então a literatura (canônica ou não) é um elemento que geralmente se encontra presente nas minhas composições, em termos de letra. Sempre tento parafrasear alguma coisa que li para alguma matéria e chamou minha atenção. Mesma coisa pra alguns filmes.
Além disso, as músicas geralmente surgem de situações, hipóteses, histórias imaginárias. Posso dizer que existe pelo menos uma música pra cada uma desses elementos listados na frase anterior dentro do meu EP.
Deixe um recado para quem ainda não conhece sua música.
Um recado…? Bem, O Cientista Perdido tá aí nesse mundão cibernético pra ser ouvido. Se tu curte música e umas viagens sonoras, bora dividir essa experiência. Caso curta, não deixa de me acompanhar nas redes sociais e me mandar uma mensagem pra gente bater um papo!