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Nietts resgata pós punk enérgico e dançante em ‘Disco Inferno’

O pós punk é um dos meus gêneros favoritos, acho simplesmente incrível a aura que rodeia o gênero. Aquela estética preto e branco, dark, com influências de cinema, literatura, fotografia e obras de arte ou temas mais melancólicos. A junção do punk aos momentos mais melódicos, dançantes e sombrios. A cada banda nova surgindo fico felizão, e com a Nietts não foi diferente.

Os encontrei nas buscas incessantes pela internet e também pelo Last.fm, inclusive, minha rede social favorita, lá estava o EP Disco Inferno e logo soltei o play.


A Nietts surgiu em 2019 na cidade de São Paulo e conta com André Guimarães (guitarra/vocal), Allan Carvalho (bateria) e Luiz Fernando (baixo, vocal). A escolha do nome era algo que seria relativamente difícil, afinal, parece que todos os nomes possíveis e impossíveis já estão em uso, segundo o vocalista e guitarrista Andre:

Depois de dias procurando nome pra banda, sem sucesso, porque todos os nomes que você imaginar já tem alguma banda no mundo usando, o Allan disse “então não põe nada”. Boa! Só que “Nada” já existe (pra variar). Aí procuramos em outras línguas. Niets é “Nada” em Holandês. Também já existe. Pra não desistir de ter um nome pra banda, estilizamos com mais um T, então ficou NIETTS

André (Nietts)

Disco Inferno é o EP de estréia deles, foi composto durante o ano de 2019, gravado no Caffeine Sound Studio e produzido por Kleber Mariano e Andre Leal. As quatro faixas trazem uma sonoridade que faz jus ao pós punk da década de 80, junto de influências do rock alternativo que trazem um ar mais moderno, com uma pegada enérgica, dançante e sombria, que são premissas do gênero e agitam a pistinha.

EP Disco Inferno da banda Nietts
Capa do EP ‘Disco Inferno’

A música que abre o disco é ‘Bad Times’, que inclusive, mesmo com as limitações da pandemia ganhou vídeo oficial mostrando imagens de shows e captações caseiras.

A ideia do clipe é passar para as pessoas algo que quase todo mundo viveu na pandemia, assistindo seus próprios demônios e mergulhando em seus pensamentos mais obscuros.

André (Nietts)

A produção e edição ficou a cargo de Allan Carvalho e as imagens por Nietts e Clóvis Stage Struck. As letras falam sobre a onda fascista que se instaurou no Brasil nos últimos dois anos. Você pode conferir o resultado abaixo:


A banda se apresentou apenas duas vezes ao vivo, em dezembro de 2019 em Santo André no 74 Club como abertura para o Sky Down e Fuck Youth, e em fevereiro desse ano que marcou a despedida do baixista Zezito (Luiz Fernando) que se mudou para o Rio Grande do Sul. A substituição do ex baixista e planos futuros serão resolvidos apenas a pós-pandemia, ou seja, no momento sem previsões.

Como foi o processo de juntar a banda, compor e gravar o primeiro EP? Vocês tiveram alguma dificuldade durante esse processo ou tudo ocorreu tranquilamente?

André – Eu conheci o Allan no começo do ano passado, no FFFront. Se eu não me engano era um show da Sky Down. Quem me apresentou ao Allan foi o Daniel Cardoso (Toro Roco e The Fingerprints), que na ocasião disse que a gente tinha que unir as influências de Melvins e afins e montar uma banda. Eu e o Allan vínhamos de uma carência musical, ambos sem bandas e de passado “Stoner Rock”.

Por isso chegamos muito espontaneamente ao Post-Punk, combinando com nossa salada musical de Alternative, Indie, Disco, Grunge, etc. Para o baixo chamamos o Luiz (Lata do Lixo da História), que é meu amigo de longa data. Fevereiro à Dezembro de 2019 foi dedicado à composição de 6 músicas, de onde saíram as 4 músicas do EP Disco Inferno.

90% dos ensaios ocorreram em nossa segunda casa, o 74 Club, em Santo André/SP. Gravamos o EP em Janeiro deste ano, no Caffeine Sound Studio (estúdio que fechou as portas durante a pandemia), com produção de Kleber Mariano e Andre Leal, do Estúdio Jukebox (Volta Redonda/RJ). Durante o processo de Mix e Master veio a pandemia, que nos deixou que nem barata tonta e nos fez pausar o processo de produção do EP.

Depois de levantar da paulada, decidimos finalizar a Masterização e lançar o trampo. O EP Disco Inferno é modesto e foi produzido com muito pé no chão, considerando nossas possibilidades, principalmente financeira. Não dá pra dizer que o processo necessariamente foi tranquilo, mas não tivemos problemas em prorrogar, já que não havia pressa. 

A letra de ‘Bad Times’ tem um tom político e se encaixa perfeitamente nos dias de hoje. Quais temas tiveram impacto na banda ao compor as músicas do EP?

André – Tudo veio de uma naturalidade muito grande. A única ligação entre todas as letras é que a gente fala do que vive. Todas as letras são em 1ª pessoa. O fato de termos muito forte a questão ideológica, faz com que a gente fale dos problemas estruturais de nossa sociedade, de um ponto de vista individual. Bad Times fala da onda fascista, Antihero fala de iconoclastia, Fire In Your Eyes de questões afetivas e Soy Lo Que Soy foi inspirada no processo de transição de um homem trans.

Como tem sido enfrentar os desafios de promover uma banda em meio a pandemia e o que vocês esperam fazer quando a situação voltar ao normal?

André – Tá tudo muito doido, né? Eu não vejo o Allan desde 14 de Março, na semana anterior à quarentena. O Luiz eu vi antes disso ainda, já que ele havia se mudado para Rio do Sul/SC. Por enquanto não temos perspectivas nem de nos reunirmos para ensaio, já que estamos respeitando o isolamento, na medida do possível, considerando que somos obrigados a trabalhar e fazer outras coisas básicas.

Também tem o fato de estarmos sem baixista. O primeiro passo, quando voltar a normalidade, é definir o baixo. Estávamos conversando com a Debb, da Gran Tormenta, então há fortes possibilidades dela ser a substituta. Depois disso queremos fazer shows e em paralelo compor um próximo trabalho. Por enquanto é foco na divulgação do EP Disco Inferno e do Videoclipe de Bad Times.

Escute ‘Disco Inferno’:

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