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Música, brilho e escuridão com a drag king islandesa Mighty Bear

Máscaras brilhantes, visuais obscuros, misteriosos, homem, mulher ou apenas um ser?
Mighty Bear (Urso Poderoso) é como se denomina essa drag queen islandesa, quem está por trás dessa persona artística é Magnús Bjarni Gröndal, conhecido também por assumir os vocais de sua antiga banda de pós-rock We Made God.

Seguindo por caminhos totalmente diferentes, Mighty Bear parece algo mais pessoal, um encontro ao ”eu” de um musico que parece procurar novas possibilidades dentro da música.

Batidas pulsantes, diferentes climas, experimentos e atmosferas que vão de momentos mais frenéticos a outros mais obscuros e vazios, parece estranho, mas essas palavras descrevem a música eletrônica islandesa, é como se esse som fosse o par perfeito para as paisagens desoladoras, bonitas e deslumbrantes que viram cenário de uma persona totalmente enigmática.

Mighty Bear traz uma estética nova para o mundo drag, deixando de lado o visual espalhafatoso e colorido, aqui temos espaço para o brilho e a escuridão.

Seu primeiro single ‘Leyndarmál’ foi lançado em 2016, seguido de ‘Hvarf’, mas foi apenas em 2018 que o EP ‘Einn’ ganhou vida, com quatro faixas produzidas por ele mesmo.

Junho é o mês da diversidade, por isso decidimos bater um papo com Mighty Bear sobre sua estética, música e o mundo drag, além de questões políticas que estão inevitavelmente ligadas ao tema.



Como começou a sua carreira musical, antes do Mighty Bear você participou de uma banda de pós-rock, mas antes de todos esses projetos o que você já havia feito?

A música sempre fez parte da minha vida. Desde quando eu era pequeno sempre estive cantando e criando alguma coisa. Eu comecei a minha primeira banda quando eu tinha 16 anos, uma banda punk. Depois de um curto tempo nasceu o We Made God. Nós lançamos três discos e fizemos uma turnê no Reino Unido, Itália e China. Nós fomos uma banda por mais de 15 anos.

O que você pode nos falar sobre essa persona Mighty Bear?

Mighty Bear é uma extensão de mim mesmo. É uma combinação de ambos os meus lados masculino e feminino. Com o Mighty Bear eu me permito ser verdadeiro sem pensar muito no que os outros vão achar.

Sobre a sua estética, geralmente drag queens tem um visual colorido e exuberante, o que você pensa sobre isso e como foi criar algo totalmente diferente, mais sombrio e misterioso?

Foi importante para me expressar, e sempre gostei dos visuais mais obscuros. Quando eu era adolescente e encontrei o rock minha vida mudou completamente. Eu finalmente tinha encontrado algo que falava comigo. Quando eu estava criando o Mighty Bear eu queria muito expressar isso.

Nesse projeto o seu foco é a música eletrônica, experimental, como foi essa escolha, você acredita que esse gênero é mais amplo?

Sempre fui fã da música experimental e de fazer algo novo. Mas nunca foi uma decisão consciente criar esse tipo de música. Já que eu queria me expressar e sabia que eu teria que fazer tudo, então a música eletrônica foi uma escolha óbvia já que eu poderia criar tudo sozinho. Eu amo trabalhar com outras pessoas, mas o Mighty Bear foi sempre suposto a ser apenas a minha criação. Definitivamente penso que esse gênero é amplo e pode se expandir mais.

Como é a cena drag na Islândia?

A cena drag na Islândia ainda é nova mas está crescendo rapidamente. Nós temos um monte de drag kings o que é muito interessante. É algo muito diverso para um país tão pequeno.

Atualmente o Brasil está ganhando destaque por sua cena musical queer, Pabllo Vittar é uma das drag queens com milhões de visualizações no Youtube. Você conhece nossas drags?

Não conheço, mas definitivamente irei procurar sobre.

Junho é o mês da diversidade e recentemente nossa justiça criminalizou a homofobia, isso é muito importante tendo em vista os momentos difíceis que estamos vivendo na política. Como são as políticas para as pessoas LGBT na Islândia?

A Islândia é muito liberal quando se fala em políticas LGBT e sou muito grato por isso. Diálogos de ódio são ilegais já faz um bom tempo. Nós tivemos a primeira presidenta mulher do mundo e tivemos um primeiro ministro assumidamente gay. Ainda temos um longo caminho a percorrer, principalmente no que diz aos direitos trans.

Quais são os seus planos futuros, está gravando música nova ou tem planos para um disco cheio?

Atualmente estou trabalhando em um novo EP, que está quase pronto. Ele deverá ser lançado em breve.

Se você pudesse escolher um artista favorito para se apresentar ao lado qual seria e por que?

Tenho uma música que será lançada em breve onde trabalhei junto com Hans, uma drag king da Islândia e estou super animado com isso.

Muito obrigado pela disponibilidade em falar com a gente, deixe um recado se quiser.

Muito obrigado por mostrar interesse no meu trabalho. Visite: www.mightybearmusic.com para mais informações.

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