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Justine expande os horizontes do shoegaze em seu segundo disco

Justine, o quarteto sorocabano de shoegaze retorna em nova fase. Formado em meados de 2013 na cidade do interior Paulista, eles passearam pelas rotas alternativas de shows com seu elogiado primeiro disco Overseas, lançado em 2016.

O ano de 2024 vem como um novo recomeço para o grupo, que chegou trazendo algumas novidades. A primeira delas é o nome que passa a ser apenas Justine ao invés de Justine never knew the rules. Além disso, a nova formação conta com Gabriel Penatti na bateria e Gabriel Wiltemburg nos vocais.

Justine e os novos horizontes sonoros

Com o segundo disco de estúdio intitulado JUSTINE, a banda não só expande seus horizontes musicais, mas também mergulha em territórios líricos diferentes.

Uma das mudanças mais marcantes neste novo álbum é a decisão de cantar todas as músicas em português. Esta escolha traz uma nova dimensão às músicas, permitindo que as letras alcancem uma profundidade emocional ainda maior.

Avalanche” foi a primeira composição apresentada, isso após alguns anos de um pequeno hiato. Ela mantém aquela sonoridade tradicional do shoegaze. Levando o ouvinte para uma jornada em um clima cadenciado e melancólico, que é explorado também nas letras, cheia de emoções intensas.

Já quando falamos dessa nova fase, “Blush” representa bem. Experimentando nas dinâmicas de melodias bonitas e marcantes, vocais mais notáveis e um clima digamos “pop”. Ela foi escolhida como primeiro single para apresentar o disco novo e mostra a estreia de Gabriel nos vocais.

Em seguida, tenho minha favorita, “Flor de Lótus“. Suas camadas de guitarras criam uma atmosfera bem envolvente e transcendental. As melodias quase que hipnóticas são acompanhadas de batidas que nos lembram algo do trip-hop. Mas aqui o som vai evoluindo numa experiência psicodélica que ecoa durante seus quase 7 minutos.

Num clima meio “spoken word”, temos “Terapia“. As letras expõem sentimentos íntimos e a forma como os vocais são performados nos lembra fácil algo feito por Jair Naves em seus trabalhos.

A quebra vem com “Quase um Segundo”, a faixa tem aquela pegada do shoegaze acústico. Numa mistura bonita entre violão e guitarras com efeito tremolo, bem na vibe de “Sometimes” do MBV.

Em “Solstício” somos apresentados a mais uma composição acústica, mas dessa vez sem guitarras, essa simplicidade cria um clima bonito e intimista, um formato que não era tão explorado nas composições anteriores.

“Corpo” tem uma roupagem bem diferente de todas do disco, onde ousam experimentar com percussões, riffs de guitarra e sons mais barulhentos flertando com o noise, temos até um sampler de “Touched” do My Bloody Valentine.

“Se o amanhã não chegar” também aposta no clima acústico, podemos classificá-la como uma das baladas do álbum, é muito bom saber que a banda vem explorando novas sonoridades nesse trabalho.

Percussões e um baixo bem vibrante abrem “O que restou em mim“, a experiência aqui também é um ponto alto, a bela fusão entre um Jesus and Mary Chain e MBV.

Quem assume os vocais é Mário do Wry, uma das bandas pioneiras do shoegaze no Brasil. A faixa tem climas que vão de momentos mais melódicos até outros mais barulhentos que ecoam e casam com guitarras que vão preenchendo o fundo.

Em seguida, temos “Quebra Tormenta”, sua atmosfera casa com o fim da escuta, ela explora outra novidade pra banda, um clima mpbzístico, com dedilhados de violão, belas letras e toques suaves e elegantes de guitarra.

Com seu segundo álbum, a Justine demonstrou que explorar novos sons e abordagens dentro do gênero pode manter seu trabalho extremamente coeso e envolvente.

É muito bom tê-los de volta na cena do indie nacional, que consigam promover o disco o mais breve possível para que ganhem novos fãs e apoiadores.

Confira o disco Justine:

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