A música sempre tem aquele poder incrível de ser a válvula de escape, mesmo quando as coisas parecem não ter mais sentido. E foi nela, que a jovem cantora e compositora Julia Melo encontrou um meio de se expressar.
Envolvida com música desde os 8 anos de idade, Julia não costumava compartilhar suas composições com amigos ou familiares, tudo por conta de sua timidez. Com o passar dos anos e convivendo com duros processos que qualquer pessoa LGBTQIA+ encara, sentiu que era o momento para finalmente por pra fora seus sentimentos, suas verdades e também poder falar sobre a causa. Cheia de ótimas referências, estão entre suas principais inspirações cantoras como FKA Twigs, Kate Bush, Britney Spears e Lorde.
Contudo, o ano de 2018 foi marcado pelo início de sua carreira com o lançamento de um primeiro single. ‘’In the City’’ já trilhava um belo caminho, trazendo uma vibe mais tranquila, com uma pegada bem dream pop, que abordava os desamores da vida. Dois anos mais tarde, foram divulgadas duas novas músicas, “Touch” e ”Heaven”, com um som que transita entre o R&B, synthpop e trap.
“Heaven” fala sobre criar seu próprio paraíso diante de condenações conservadoras que recriminam o amor entre pessoas do mesmo sexo:
Em seu EP de estreia intitulado ‘’Celestial’’, produzido por Marlon Lopes (Adorável Clichê) e lançado pelo selo independente Nuzzy Records, ela fala sobre temas como depressão, sexualidade e homofobia, que são assuntos recorrentes em meio ao cenário caótico e conservador que estamos vivendo. Durante as cinco faixas, Julia pretende criar uma conexão com o ouvinte, uma espécie de afago para que não temam por suas vidas e que continuem se fortalecendo juntos.
Aproveitando o lançamento do EP, mandamos algumas perguntas para Julia e o resultado você confere em seguida.
Julia, você começou a tocar violão com 8 anos de idade, porém por ser tímida trazia uma certa dificuldade em se expressar artisticamente. Conta pra gente, quando e como foi o momento em que você se sentiu pronta pra compor e mostrar suas músicas?
Então eu componho desde muito cedo, pelo o que me lembro a primeira canção que escrevi eu tinha 12. Mas eu nunca mostrava para ninguém, só em 2018 quando eu tinha 20 anos, mostrei para a Gabi da banda Adorável Clichê e ela gostou muito do som e me incentivou a gravar, acho que sem esse empurrão de alguém acreditar em mim talvez eu não teria lançado um EP hoje. Mesmo sempre ter sido um sonho, acho que é bom sentir que pessoas acreditam na gente.
No seu som podemos notar um bom apanhado de influências de trap, pop e r&b, você já vinha com essa sonoridade em mente ou já pensou em apostar em algum outro estilo antes de produzir as músicas?
Eu gosto de trabalhar dentro de sonoridades que eu escuto e gosto. Mesmo sendo mais comum no Brasil as pessoas começarem com MPB ou indie rock, eu queria trabalhar com algo que realmente transmite o que eu sinto e o que eu gosto.
O EP Celestial traz letras que falam muito sobre sentimentos e experiências pessoais, muitas repressões por ser mulher e LGBTQIA+ também. Como você avalia a cena para artistas LGBTQIA+, afinal a música tem sido também um instrumento político para muitos, que estão finalmente conseguindo se expressar sem medo e ganhando o devido apoio de um público bem fiel?
Acredito que cada vez mais nós artistas LGBTQIA+ estamos conseguindo mais espaço no cenário brasileiro. As pessoas precisavam se sentirem representadas, se sentirem parte de algo. Acredito que a música é sempre uma voz que fala por você, algo que está sentindo ou algo que viveu. Mesmo com o crescimento do conservadorismo no Brasil, acredito que cada vez mais podemos dar mais espaço para falar sobre essas vivências comumente esquecidas pela sociedade.
Não é novidade que estamos passando por um período bem complicado devido ao COVID-19, muitos artistas e produtores tiveram prejuízos e não há sequer uma previsão de quando teremos shows e festivais neste ano. Você acha que a pós pandemia mudará a forma como as pessoas consomem música?
É realmente muito triste o que está acontecendo no mundo, mas esse afastamento social é necessário para que isso passe logo. Acredito que vai mudar e já está mudando a forma das pessoas se conectarem com os artistas, tanto em lives como em outras plataformas. Comecei a trabalhar com o Tik tok e eu vi um crescimento muito rápido e grande das minhas músicas desde as minhas primeiras postagens, antes eu alcançava as pessoas da minha cidade ou estado, mas agora estou alcançando diversos países e acredito que sempre há uma nova forma de trabalhar e fazer com que seu som seja notado. Seja de forma criativa ou engraçada, podemos sempre pensar fora da caixa.
Essa pergunta eu costumo fazer para alguns artistas, se você pudesse escolher apenas uma música sua pra entrar em um filme, qual seria a música e o filme escolhidos?
Essa é uma pergunta maravilhosa hahah. Acredito que vou muito por um gosto pessoal do meu filme favorito que é ‘As vantagens de ser invisível’, e a música seria “Moonlight” que mais expressa o sentimento do adolescente que se sente completamente sozinho imerso na sociedade. E se fosse o filme da minha vida seria “Heaven” hahah.
Você acabou de lançar o EP em todas as plataformas digitais, quais são os próximos passos? Você pretende lançar algum clipe ou até mesmo fazer uma live?
Sim!! Os clipes já estão programados, mas por motivos de locação e equipe estamos esperando passar a situação do COVID-19. Estamos trabalhando em coisas novas e em breve terá uma live sim! Faço algumas lives por semana no Tiktok também cantando pra engajar mais o público, mas penso em algo mais profissional mais para frente também.
Deixe um recado para que as pessoas conheçam sua música.
Para quem está conhecendo minhas músicas, espero que você se sinta abraçado e parte desse mundo caótico e poderoso que é Celestial e continue me acompanhando porque tem muito mais por vir! 🙂
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