O pós-punk melancólico e dançante do Jovens Ateus

Imagem da banda Jovens Ateus em um cemitério

Jovens Ateus é uma banda de pós-punk formada em Maringá, no Paraná. O quinteto hoje é composto por Guto Becchi (vocal), Fernando Vallim (guitarra), João Manoel (guitarra), Bruno Deffune (baixo) e Antônio Bresolin (sintetizador, bateria).

A história do grupo começa durante os primeiros meses da pandemia de 2020, através da amizade entre Bruno Deffune (baixo) e Marco Antônio, juntos eles começaram a definir qual seria a estética sonora da banda.

Mais tarde, outros amigos foram se integrando ao projeto, e eis que lançaram seu primeiro single “Noite Eterna”. A faixa hoje conta com mais de 40mil plays no Spotify e marca o pontapé dos caras na cena alternativa da música.

Meses depois, mais um single lançado, dessa vez a faixa é “Exício”, e aqui já notamos qual a proposta do grupo, um pós-punk que é a cara dos anos 80, com uma atmosfera melancólica, obscura, mas dançante.


No ano seguinte, surge “Devaneios” e “quien eres”, essa segunda cantada em espanhol. Aproveitando as músicas já lançadas a banda começou a agendar shows. Só em 2023 se apresentaram em Curitiba, Maringá, Florianópolis, São Paulo, Santo André e Piracicaba.

Durante essa turnê, tocaram algumas músicas inéditas e dois covers que chamam bastante atenção, “Santa Igreja” da banda punk As Mercenárias e uma versão para “Igreja” dos Titãs.

Em julho deste ano, lançaram seu primeiro EP, auto intitulado Jovens Ateus, contendo 6 faixas. O disco é um prato cheio para os amantes do pós-punk e das pistinhas escuras, durante as 6 músicas escutamos uma sonoridade sombria, mas que tem forte identidade, um som que consegue ser minimalista, mas muito bem trabalhado. Destaque para as faixas “A Mais Triste”, “quien eres” e “Iglesia”.


Aproveitando o lançamento do EP e futuro show que a banda fará no dia 04 de outubro ao lado do Deb and the Mentals no @Bar Alto, batemos um papo com Bruno Deffune (baixo) fundador da banda que nos respondeu algumas curiosidades. Você confere a conversa a seguir:

Antes o Jovens Ateus era um duo? Como aconteceu a entrada dos outros integrantes e onde vocês se conheceram?

Sim! Durante os primeiros meses da pandemia eu mantinha contato com o marco (Marco Antônio Gutierrez), um grande amigo de anos. Juntos nós tivemos a ideia de começar o projeto e aos poucos fomos criando o que no futuro seria a banda. Hoje em dia o marco seria um membro óvulo do jovens ateus, letrista de grande parte das músicas e responsável pelas fotos usadas na maioria dos singles.

Com a vontade de começar a produzir as ideias iniciais do projeto eu fui até o Joho (João Manoel, Guitarra), ele havia acabado de iniciar as produções na casa ElNino em Maringá. Acho que nossa amizade foi instantânea, um dos amigos mais rápidos que eu fiz e a entrada dele nas guitarras foi meio que automática. Nós aprendemos juntos a fórmula do jovens ateus e depois de varias tentativas conseguimos entender como funcionaria a banda.

O morga (Fernando Vallim – Guitarra) morava na casa ElNino e quando vimos ele já estava junto no projeto e foi bem orgânico. Quando nós marcávamos pra produzir ele aparecia, colocava umas guitarras e ideias e funcionou muito bem.

A entrada do Guto (Dário Gustavo – Vocais) foi após o Joho nos apresentar, ele entrou em contato comigo após o lançamento de “Noite Eterna” e nós já tínhamos o interesse em formalizar uma amizade. Até que ele foi para um ensaio e ele entrou como vocalista, eu não tinha o interesse e nem o carisma para enfrentar o cargo, estava a procura de uma pessoa que cumprisse com os requisitos, acho que consegui kkkk.

O tony foi mais uma cobrança por minha parte, eu conheci ele em Curitiba através do marco, ele é o único que não é de Maringá. Desde o começo eu mandava as ideias e os sons pra ele e sempre chamava ele pra fazer parte do projeto. Nos processos criativos do single “Devaneios” ele pra fez sua primeira aparição na banda e fez a bateria, que até então era feita pelo lucaskid.

Quando marcamos nossa primeira gig nós precisávamos de uma formação funcional para os palcos então eu convidei ele pra entrar de vez na banda. Hoje seria o ele o rosto da banda!? Fica no ar kkkk. Vale lembrar que eu conhecia todos eles de antes mas não éramos próximos. A banda fez que que nós nossa aproximação e aumentar a amizade.

O nome da banda tem relação com a música do Muzak ou existe alguma outra história?

Com certeza! Quando eu comecei a pensar com o marco em formar a banda, nós fizemos aquela típica pergunta “ta, mas qual vai ser o nome?”

Na época nós dois estamos escutando muito pós punk paulistano, eu tava no carro um dia pela tarde ouvindo a coletânea “Não São Paulo V. 1” quando tocou a música do Muzak. Foi bem aquela estralo na mente “vai ser esse o nome da banda, Jovens Ateus”.

Geralmente a pergunta é “o que vocês escutam”, mas eu gostaria de fazer ao contrário, o que vocês NÃO ESCUTAM?

Falando por todos, com certeza seriam as bandas que mostram nos últimos tempos apoio ou omissão em caráter político.

Artistas que apoiaram governos fascistas ou não tomaram lado nessa luta estão fora dos nossos ouvidos. A cultura e a opressão não adam lado a lado.

Vocês acabaram de lançar o primeiro EP e já vem ganhando um destaque legal por parte da galera que gosta de pós-punk, quais são os próximos planos?

Com o lançamento do ep ficamos mais empolgados em manter um ritmo de lançamento de material. Como hoje nós pensamos mais como banda temos mais vontades de compartilhar influências e acrescentar mais as características de cada membro.

Foram 3 anos trabalhando na fórmula desenvolvida e agora queremos mais, são novas influências, novas bandas que estamos escutando no momento e vontade de experimentar. Pensamos também em trabalhar com bandas amigas que fizemos por esses anos e tentar fortalecer uma cena que seguiu de 2020 em diante.

Se vocês pudessem escolher uma banda ou artista para tocar ao lado, quem seria?

Pergunta extremamente difícil, mas talvez diríamos IDLES, acho que é uma banda que todos nós gostamos muito. Acho que seria uma escolha democrática.

Se vocês tivessem que explicar para uma senhora de 80 anos que tipo de som o Jovens Ateus faz, o que diriam?

Geralmente surge essa pergunta em encontro com amigos dos pais, encontros de família ou conversa com pessoas que não estão inseridas no que ta rolando e eu sempre digo “sabe aquelas músicas tristes dos anos 80? É isso que nós tocamos” kkkkkkkk.

Se vocês pudessem escolher uma música do EP para ser a trilha sonora de um filme, qual seria a música e filme escolhidos e por quê?

Eu não assisto muito filme então pedi ajuda aos universitários. De acordo com Tony e Morga seria “A Mais Triste” no filme “Drive” de 2011. O filme transmite o que a gente quis passar com o EP.

Escute o EP Jovens Ateus

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