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Há 30 anos Cranes lançava “Loved”, disco singular do dream pop

O Cranes é uma banda britânica de rock formada na cidade de Portsmouth em 1985, pelos irmãos Alison e Jim Shaw.

No início, ainda uma dupla, eles costumavam se reunir na garagem dos pais para experimentar sons e criar músicas. Foi dessas sessões, que surgiu o primeiro material da banda, uma fita demo chamada Fuse, lançada apenas no ano seguinte, em 1986.

Assim como o My Bloody Valentine, o Cranes surgiu em uma época onde as bandas do chamado “rock gótico” ainda faziam muito sucesso, nomes como The Cure, Siouxsie and the Banshees e The Sisters of Mercy.

Cranes

No entanto, eles estavam criando sua própria identidade sonora, suas músicas até bebiam um pouco desse som sombrio e misterioso, mas traziam algo etéreo e psicodélico.

O destaque maior ficou por conta dos vocais de Alison, que lembravam uma criança de 5 anos cantando em um quarto vazio, acompanhada de guitarras barulhentas e estridentes, uma fusão de sonho e pesadelo na mesma música.

Foi essa sonoridade estranha e curiosa composta no primeiro disco Wings of Joy (1991) que rendeu à banda um convite para abrir os shows do The Cure durante a turnê do disco Wish (1992).

Cranes - Alison Shaw

Com seus primeiros EP’s e discos elogiados pela crítica e já conhecida na cena musical por conta dos shows ao lado do The Cure, a banda manteve a chama criativa para compor material novo.

O terceiro disco, intitulado Loved, foi lançado em 12 de setembro de 1994 pelo selo Dedicated.

O trabalho é um marco na carreira da banda. Na capa, uma bela pintura do artista impressionista francês Edgar Degas, intitulada “Danseuses bleues” (Dançarinas Azuis) criada em 1897.

A faixa que abre o álbum é “Shining Road”, suas melodias suaves de violão e guitarra vão de encontro aos vocais delicados de Alison, criando uma atmosfera pop, se distanciando um pouco da sonoridade mais sombria.

Em seguida, em “Pale Blue Sky” e “Rêverie” temos riffs psicodélicos e guitarras mais barulhentas, mesmo assim a voz de Alison consegue abrandar o clima que caminha por algo mais celestial.

“Lillies” é uma das mais interessantes, ao mesmo tempo em que as guitarras sombrias, pesadas e desajeitadas cobrem a música, Alison performa uma voz infantilizada, como se tivéssemos aqui uma mistura de terror e fantasia.

Criatividade é um dos pontos fortes do Cranes, em “Are You Gone?”, as guitarras soam como uma harpa e são acompanhadas por cordas, essa sonoridade foi composta em um teclado, já que a banda começava a explorar novos sons.

Cranes

Por falar em novos sons, em “Loved” podemos notar um destaque maior para a bateria, que até então era programada, esse som mais acústico traz algo a mais para a sonoridade.

As guitarras com efeito tremolo em “Beautiful Friend” conseguem nos levar pra uma áurea celestial, além de ser uma composição que coloca a banda em seu lado mais “comercial”.

“Bewildered” traz novamente aquele clima soturno dos trabalhos anteriores, enquanto “Come this Far” entrega um som mais limpo, algo que definitivamente é perceptível nesse álbum. Uma produção mais clara e audível.

“Paris and Rome” parece até vinda de uma caixinha de música, aqui a banda utiliza novamente o teclado para produzir sons diferentes e mesclá-los com as já conhecidas guitarras barulhentas.

Chegamos ao fim com “In the Night”, a faixa encerra o trabalho com os vocais de Alison acompanhados dos teclados que trazem uma sonoridade de piano clássico porém um pouco fora do convencional.

Nota: A banda voltou a agendar algumas apresentações por países da Europa após 12 anos longe dos palcos, além disso, relançaram os discos Forever (1993), Loved (1994) e a primeira demo Fuse (1986) em vinil.

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