Psicodelia e viagens astrais com White Canyon and the 5th Dimension

White Canyon and the 5th Dimension é uma banda formada pela dupla Leo Gurdan e Gabriela Zaith. O casal vive em São Thomé das Letras, uma cidade em Minas Gerais, rodeada por montanhas, mistérios e misticismo.

Foi nesse cenário que deram vida ao projeto, por trás das composições estão temas espiritualizados, autoconhecimento, novos planos, viagens astrais, a natureza e seus mistérios.

O primeiro disco de estúdio autointitulado “White Canyon and the 5th Dimension” foi lançado em 2019. E traz ótima produção, um rock psicodélico de qualidade envolto por riff enérgicos e belas linhas de teclado. A sonoridade nos lembra bandas como The Jesus and Mary Chain, Spiritualized e The Black Angels, da qual eles são fãs.

Nos próximos anos seguiram lançando alguns singles, até chegar ao segundo disco. “Spectral Illusion” saiu em 2021 e conta com 7 músicas. Aqui a banda manteve sua ótima composição. Impossível não dar o play e viajar com as várias camadas, vozes e guitarras que vão ecoando durante as faixas. Outro destaque são as artes dos discos, são bem feitas e acompanham as ideias por trás das composições.

Soundtrack for Astral Travel chega no finalzinho de 2022, o terceiro álbum tem músicas batizadas com nomes de planetas. Não preciso nem dizer que ele realmente é uma jornada em seus diversos estados. Acredito que esse seja o trabalho mais experimental do duo.

Com três discos na bagagem, a dupla agendou sua primeira turnê no Chile, onde fizeram treze shows entre outubro e novembro de 2022. O resultado foi um gás a mais para lançar o ao vivo Live in El Quisco. O material traz 6 faixas de uma apresentação gravada no Centro Cultural Camilo Mori.

Membros da White Canyon and the 5th Dimension
Foto: Juliana Lira

Por incrível que pareça, o primeiro show no Brasil aconteceu apenas neste ano no famoso festival Woodgothic. Ele é organizado em São Thomé por Carolina e Zaff, membros da banda de pós-punk/darkwave Escarlatina Obssessiva.

Dois meses depois, é lançado Gardeners of the Earth, o quarto trabalho da discografia é o mais “ambicioso” e com certeza um marco na carreira. Com uma produção de primeira, o álbum traz composições que soam como um rock n roll mântrico psicodélico. É como se aqui eles reunissem um punhado de sua história misturado com pitadas de coisas novas.

Dá gosto em ouvi-lo e saber que temos aqui uma banda brasileira que executa com maestria um dos melhores lançamentos desse ano.

Batemos um papo para conhecer melhor a banda e falar um pouco sobre a carreira, o novo disco e outras curiosidades. Você pode conferir em seguida:

Como vocês se conheceram e como surgiu a banda?

Nós estamos juntos a 13 anos, 7 anos de namoro e 6 anos casados, nosso gosto musical sempre foi um dos pilares do nosso relacionamento e fazer música juntos sempre foi algo que almejávamos, quando nos mudamos para São Thomé tivemos a oportunidade de trazer os planos mentais para o material. 

Vocês vivem em São Thomé das Letras, uma cidade rodeada de misticismo, como é viver aí e o quanto isso influencia na música de vocês?

Nós devemos muito do que somos a essa cidade, seus mistérios nos trouxeram aqui e foi um tremendo passo que demos em direção a nossas jornadas de auto conhecimento. A interação com a natureza e suas lendas tiveram um papel crucial no desenvolvimento de nossas ideias e uma ponte para conectar com inspirações de planos superiores.

Como funciona o processo criativo de vocês, o que mais te inspiram ao compor e quais mensagens vocês querem passar aos ouvintes com suas músicas?

Nosso processo criativo acontece de forma mais individual e quando temos algo sólido combinamos nossas criações, é um processo muito leve e natural que acontece em meio do nosso cotidiano entre serviços domésticos e criação do nosso filho.

Tudo que nos rodeia nos inspira de uma forma ou de outra, nossas vivências, a natureza e as lendas que nos cercam,  creio tudo que ouvimos deixa uma marca em nossa música que quem conhece pesca muitas referências.

Gardeners of the Earth é seu quarto disco de estúdio, como têm sido o feedback de seus fãs e pessoas que apreciam o tipo de música que vocês fazem?

O feedback tem sido incrível, nos surpreendeu na realidade. Nossos ouvintes desde o primeiro álbum dizem que esse é nosso melhor trabalho até agora, que traz uma certa maturidade em questão de produção e composição. É nosso disco que vendeu mais rápido os vinis e também com maior audiência no stream até o momento.

Esse álbum também trouxe novos ouvintes, diferente dos anteriores, acho que isso é um reflexo da diversidade musical que tentamos colocar no álbum. Atrai vários tipos de pessoas e gostos dentro do psych.

Como é a relação da banda com os palcos? Vocês pretendem agendar shows para promover o novo disco ou está fora dos planos?

No momento temos uma relação saudosa com os palcos. Nossa estreia foi em uma turnê pelo chile de 13 shows, que está prestes a completar um ano. Até hoje só apresentamos aqui no Brasil, em um festival underground que existe a cada dois anos aqui em São Thomé e honestamente nossa presença só foi possível por ser aqui na nossa cidade. 

Nós vivemos exclusivamente da nossa arte e ser artistas independentes no Brasil é algo que ainda falta muito apoio. Mas temos planos de fazer shows por aqui em breve, nos acompanhem em nosso Instagram que publicaremos nossos próximos passos sempre por lá.

Quais artistas vocês gostariam de colaborar?

The Black Angels!  Com certeza é uma das bandas da atualidade que mais nos inspira e compartilhamos das mesmas inspirações, inclusive já interagimos pelo Instagram algumas vezes então, quem sabe um dia não é?

Dois integrantes do White Canyon and the 5th Dimension encostados em uma parede

Se vocês pudessem escolher apenas uma música do disco novo para fazer parte da trilha sonora de um filme, qual música e filme escolheriam e por quê?

Se eu pudesse escolher uma trilha sonora para qualquer filme, esse filme com certeza seria Montanha Sagrada do Alexandro Jodorowsky, que é uma base de inspiração ilimitada na nossa vida e trabalho, acredito que a Mental universe (chapter five) encaixaria como uma luva por que ela é baseada nos ensinamentos herméticos, fonte da qual o Alejandro também bebe muito

Se vocês fossem invisíveis por um dia, o que escolheriam fazer?

Sairíamos dando uma de zombeteiros por aí, nos divertindo e fazendo as pessoas acreditarem do além. Debatemos aqui e concluímos que apenas um dia de invisibilidade e mais nada não seria o suficiente pra roubar um banco e fazer alguma ação robin woodiana, já que aqui não temos bancos hahaha

Muito obrigado pelo convite e espaço! E parabéns por ajudar na divulgação das bandas underground, vida longa!

Escute o disco Gardeners of the Earth:

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