O post-black metal tem sido um gênero bem controverso dentro do metal, pois sua fusão de gêneros como shoegaze, post-rock e black metal ainda soa muito discrepante para alguns ouvidos.
O fato, é que existem artistas desse estilo criando novos conceitos e músicas incríveis, que conseguem fundir peso e melodia na medida certa, sem soar clichê, como a Dolorem.
Aqui no Brasil esse som ainda não é muito explorado, são poucas as bandas que se auto intitulam post-black metal. Na verdade, o público do gênero é bem forte por aqui. Talvez, por conta de alguns nomes da cena francesa como o Alcest, Amesoeurs e Deafheaven.
Essas são queridas do nosso público e difundem algo de novo para um nicho (se é que posso chamar assim), que está de mente aberta para novas possibilidades dentro da música pesada.
Dessa vez, vamos conhecer uma banda que tem tudo para ser um dos grandes representantes do estilo em nosso país. O Dolorem foi formado no fim de 2017, em João Pessoa, Paraíba. Conta com Marcos Sena (guitarra, vocal), Jackson Luciano (guitarra), Paulo Roberto (baixo) e Nichollas Jaques (bateria).
Todos os integrantes já vem de outras bandas do underground, as influencias já são bem conhecidas pelo público como, Katatonia, Alcest, Slowdive, Deafheaven entre outros.
Em 2018, eles entraram em estúdio para compor cinco músicas, a primeira a ser lançada foi Abandoned. A sonoridade traz uma atmosfera melancólica, mas que também se entrosa com a agressividade e momentos bem ambientados por guitarras, assim como no post-rock, uma música dinâmica e profunda.
As letras assim como um geral dentro desse estilo, falam sobre existencialismo e sentimentos inerentes a qualquer pessoa, como dor, amor, frustrações e desesperanças.
Conversamos com eles sobre como surgiu a ideia de formar a banda, a gravação do primeiro single, e sobre os planos para o lançamento do primeiro disco. Confira!
O Dolorem foi formado em 2017, mas muitos de vocês já haviam participado de outras bandas do underground. Como foi o processo de se reunirem pra montar a banda, todos já se conheciam?
João Pessoa, apesar de ser uma capital, tem um aspecto de cidade pequena. Logo, todos nós participamos de círculos sociais em comum. Alguns de nós já havíamos tentado montar alguns projetos em outrora. No entanto, apenas a Dolorem acabou vingando, devido ao interesse mútuo de montar uma banda com sonoridade diferenciada.
A banda começou com Marcos, Paulo e Nichollas e então começamos uma incessante busca por vocalista, pois nenhum de nós havíamos cantado em outros projetos no passado. Depois de muita procura sem nenhum sucesso, nós achamos apropriado Marcos assumir os vocais, que mostrou-se uma ótima escolha.
Por fim, para dar uma maior incorporada no som, principalmente no quesito ambiência, convidamos Jackson, que já era velho conhecido e já tinha tocado com o Paulo e Marcos em outros projetos no passado, para fazer parte da segunda guitarra.
O post-black metal ainda é um estilo pouco explorado aqui, vocês acham que muitas bandas tem medo de se arriscar nesse tipo de som?
Nós acreditamos que o Post-Black é um gênero já bem difundido no mundo. Sabemos da existência de bandas de post black metal no cenário nacional. Porém achamos que ainda não é muito explorado por não ser muito popular. Sendo mais comum nascerem bandas de gêneros mais populares como Thrash, Death e Black.
Esperamos que com a inserção da Dolorem na cena, assim como o trabalho de outras bandas do estilo nós podemos difundir melhor este tipo de musicalidade para o grande público e estimule tanto as pessoas a conhecerem o post-black, quanto a se interessar em criar novas bandas do gênero.
Abandoned é uma música bem dinâmica, com letras profundas e passagens mais pesadas e melancólicas, uma ótima escolha para um primeiro single, como foi o processo de composição?
Marcos Sena já tinha algumas ideias para Abandoned antes mesmo da banda ser formada. Quando Nichollas e Paulo entraram para o projeto, cada um pôs um pouco de suas influências musicais, que são um pouco distintas, e a música ficou do jeito que conhecemos hoje.
Vale ressaltar que Abandoned foi a primeira música composta por nós. Escolhemos esta música para o single não por ela ser a primeira música, mas justamente por esta pluralidade de melodias e passagens. Logo, ela consegue refletir grande parte do contexto e musicalidade que exploramos na banda como um todo.
O Nordeste tem uma cena metal muito forte, vocês se vêem como uma novidade dentro dessa rota da música pesada?
A Dolorem por explorar este gênero do post-black já é uma novidade tanto no Nordeste quanto no Brasil, pois como já havíamos dito anteriormente é um gênero pouco explorado.
Porém algo que nos destaca é este flerte entre melodias com bastante atmosfera, característico do post e shoegaze, alternando pra blasts e partes mais pesadas e frenéticos, que tem como fundamento o black metal. De uma maneira sutil acaba deixando nosso público surpreendido e curioso a cada transição de riffs.
Na hora de escrever uma letra, vocês procuram ler um livro, ouvir musica ou situações do cotidiano pra se inspirar?
Digamos que a nossa maior fonte de inspiração seja a própria vida, vemos a vida como um processo cheio de desafios, frustrações, conquistas, fracassos, perdas, tristeza e dor. Refletir e enxergar esses aspectos da vida, é uma fonte rica que nos desperta o lado criativo, traduzindo os pensamentos em composições.
O que vocês tem em mente para o futuro, além dos shows já agendados, pretendem lançar um disco cheio ainda esse ano ou algum vídeo clipe?
Para o futuro, a banda está trabalhando para fechar o repertório e iniciar a gravação do primeiro álbum ainda no fim deste ano. No momento, estamos divulgando o single “Abandoned” nas redes sociais e plataformas de streaming.
Também iremos divulgar um vídeo clipe no dia 24/09, com imagens captadas da gravação da música em parceria com a Tártaros Produções. Neste mesmo mês, dia 30, tocaremos no Kraken Festival, em João Pessoa.
Agradecimentos à banda pela disponibilidade em responder a entrevista.