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Shelter, um disco divisor de águas na carreira do Alcest

Shelter é o quarto disco de estúdio do Alcest, e pode ser considerado o ”divisor de águas” de sua carreira.

Depois do aclamado Les Voyages de l’âme, que é para alguns sua obra-prima, a dupla Neige (vocal, guitarra) e Winterhalter (bateria) decidiram largar suas raízes metálicas de lado. Aqui eles se aventuram em outros caminhos que podem trazer novas possibilidades para a banda.

Simplesmente batizado de Shelter ou no bom português Abrigo, o disco traz músicas inspiradas no mar. Segundo Neige esse é seu principal abrigo, já que ele passava horas e horas observando sua beleza e seu poder de limpar a alma. Além disso, outra grande influência presente foi o shoegaze, gênero que ficou notável no início da década de 90, por bandas como My Bloody Valentine, Cocteau Twins, Slowdive e Ride.

Alcest gives shoegaze a new 'French' home with the release of ...


Embora não tenha nenhuma influência vinda do metal, as músicas continuam cativantes e com a beleza típica do Alcest. E mesmo que alguns acreditem que a banda perdeu sua originalidade, o disco veio para provar que as novas direções podem render ótimas inspirações.

Pela primeira vez foi usado um conjunto de cordas (o mesmo da banda Sigur Rós) e participações de Monike da banda sueca Promise And The Monster, além de Neil Halstead líder do Slowdive. Além disso, o disco foi gravado na Islândia, nos estúdios Sundlaugin com os produtores Birgir Jón Birgisson e Martin Koller, o que com certeza colaborou com toda essa atmosfera incrível do início ao fim.


Durante as oito faixas ouvimos um som mais orgânico, sem riffs pesados, blast beats e guturais que eram a marca da banda. A bela e serena Wings abre o disco com coro e instrumental bem etereal até ser embalada por Opale que traz um clima mais feliz e um refrão pegajoso que gruda na cabeça. La Nuit Marche Avec Moi é a faixa mais indie, com toda sua leveza nas guitarras e nos vocais.

A terceira faixa Voix Sereines tem uma forte carga emocional e mistura momentos serenos com um final mais ”pesado”, se é que posso dizer isso, acontece que as guitarras aqui lembram algo do disco Les voyages de l’âme.


A próxima é L’ éveil des Muses, hipnotizante e mais dark, com suas paredes de guitarras que criam uma atmosfera de outro mundo, a faixa título Shelter lembra muito Cocteau Twins por suas distorções e tem uma linha de teclado bem marcante em seu refrão.

Quase chegando ao fim temos Away, onde ouvimos um belo dueto entre NeigeNeil Halstead, uma surpresa por se tratar de uma música mais acústica, mas que vai se desenvolvendo em uma sonoridade rica, com cordas e riffs de guitarras no melhor estilo shoegaze.

Neige (Alcest)


Délivrance foi uma ótima escolha para fechar o disco, ela tem mesmo um clima de final, talvez um pouco triste e com certeza uma das melhores composições já feitas até então.

Um fato interessante é que ela não possui letra, durante os 8 minutos de música Neige usa o chamado Idioglossia (palavras escolhidas totalmente em aleatório sem alguma coesão ou contexto lógico).

Mesmo assim, o resultado final foi incrível e fecha o disco majestosamente, com um ritmo cadenciado que aos poucos vai crescendo em um momento épico no final.


Na versão estendida do disco, temos uma faixa bônus intitulada Into the Waves, onde quem assume os vocais é Monike (Promise And the Monster). O som é bem indie e influenciado por post-rock, o que traz uma sensação bem renovadora.

Shelter é um disco conceitual, todas as músicas estão ligadas em si, cheias de atmosferas alternando entre esperanças ou tristezas.

Talvez ele seja um experimento na carreira do Alcest, ou mesmo um novo começo, não sabemos. Ainda assim, mas somos gratos por mais uma vez ouvir músicas tão cativantes de uma banda que parece não ser desse mundo.

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