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A Perfect Circle – Eat the Elephant (2018)

Foram exatos quatorze anos desde o último lançamento, o disco eMOTIVE de 2004, mas eis que o A Perfect Circle finalmente retorna com material novo para acabar com a impaciência de seus fãs, que aflitos apostavam fichas também em um possível disco novo do Tool (também liderada pelo vocalista Maynard James Keenan).

A banda vinha trabalhando em Eat the Elephant desde 2008, fizeram alguns shows por aí, entre festivais e apresentações mais intimistas, deu tempo até de darem uma passadinha por aqui no festival Lollapalooza de 2013, onde tocaram em horário nobre para um público de respeito. Mesmo com todo esse tempo entre um disco e outro, a preocupação não era entregar algo que soasse como o passado da banda, podemos notar claramente um registro maduro e criativo, abusando mais de pianos e sons eletrônicos.

A faixa título que abre o disco, Eat the Elephant, tem os vocais de Maynard acompanhadas de lindas linhas de piano, um som mais cadenciado com um quê meio melancólico, de cara uma bela abertura. Liricamente falando, o disco mantém temas políticos atuais, assim também como problemas da nossa geração e a morte, podemos notar isso na genial Disillusioned“We’ve become disillusioned, so we dive like crows towards anything glittering”, mais uma faixa que traz as ótimas linhas de piano.

The Contrarian mantém quase que o mesmo feeling das duas faixas anteriores, adicionando mais sons eletrônicos e piano, parecem quase uma trilogia. The Doomed que também foi um dos singles lançados antes do lançamento do disco oficial mantém uma pegada tradicional do APF, uma bela faixa, mas que não mostra inovação, o que talvez seja uma boa para os fãs mais antigos.

So Long, And Thanks For All the Fish, um nome estranho para uma música, mas aqui Maynard claramente faz uma crítica a nossa geração e uma homenagem a David Bowie em “We wasted every second dime, on diets, lawyers, shrinks and apps and flags and plastic surgery, now Willy Wonka, Major Tom, Ali, and Leia have moved on… “, musicalmente falando a sonoridade é algo muito diferente do que a banda já fez, possivelmente teremos alguns fãs de nariz torcido. Em seguida, TalkTalk, uma das favoritas do disco, mantendo a velha sonoridade da banda em tempos de Thirteenth Step (segundo disco lançado em 2003), com guitarras bem ambientadas e vocais entonados.

A bela By And Down the River também pode ser colocada aí como uma das melhores do disco, uma mistura entre algo mais antigo e recente juntos, Delicious tem riffs mais pesados acompanhados de violão, cordas e guitarras bem ambientadas, mostrando o amadurecimento nas composições. Mais uma vez o piano fortemente presente nas músicas, a soturna DLB funciona como um interlude para Hourglass, onde mais uma vez a sonoridade segue um rumo mais atual, com muito uso de efeitos eletrônicos na voz, piano, guitarras pesadas e letras politizadas.

Feathers prepara o ouvinte para concluir o disco, Maynard fez um ótimo trabalho em seus vocais aqui, talvez eu não tenha citado anteriormente, mas é com certeza um dos pontos altos desse disco. Get the Lead Out fecha a tracklist, se você gostou do rumo novo que as músicas tiveram então com certeza colocará ela na lista de favoritas, aqui o destaque fica por conta das batidas eletrônicas acompanhadas de cordas, samplers de fundo e os vocais de Maynard saindo um pouco dos holofotes.

Eat the Elephant é um grande retorno, mostra a banda em ótima forma, criativa, se arriscando em novos elementos e ainda com letras que com certeza soarão atemporais. Não espere uma sonoridade ”pesada” como nos dois primeiros discos. Esse lançamento é uma ótima prévia do que poderá ser o futuro do A Perfect Circle, só esperamos que não demore mais 14 anos.

Escute Eat the Elephant no spotify:
https://open.spotify.com/album/3Jr1RhAyndBxtyi8rJs3Op?si=sdx-QtY3Sb2UIokTkfknPw