Existe vida após um show do Sigur rós?

Na quarta-feira dia 29 de novembro fomos agraciados com o show de uma das bandas mais incríveis desse planeta, da Islândia para São Paulo, pela segunda vez, desde sua última passagem há dezesseis anos atrás, Sigur rós e sua Krunk Tour.

Por volta das 17h30 da tarde já havia uma fila grandinha em frente o Espaço das Américas, o que se via eram pessoas muito ansiosas e felizes, a maioria iria assisti-los pela primeira vez, de diversos estados do Brasil, bandeiras da Islândia, bandanas, chapéus de viking, camisetas e papéis com a palavra Takk (obrigado em Islandês) eram vistos por ali.

Exatamente às 19h30 as portas se abriram para diminuir a ansiedade de todos, lá dentro um espaço organizado e amplo, merchandising oficial a venda por um preço salgado, mas já esperado em shows desse porte. No fundo da pista foi montado um camarote premium, com uma visão ‘’privilegiada’’ há uns três níveis acima da pista normal, havia também um bar e os banheiros estavam localizados próximos.

O show estava marcado para começar apenas às 21h30, enquanto isso o público que chegava aos poucos lotou completamente o local e deu sold-out!

Exatamente às 21h45 as luzes se apagaram e a banda subiu ao palco, o público prontamente foi à loucura, a música escolhida para abrir a apresentação foi À, detalhe para o palco e suas estruturas de ferro cheias de luzes de led que inicialmente pareciam vagalumes, no fundo algumas projeções e no telão imagens da banda ao vivo, alguns efeitos que eu até então nunca havia visto antes.

A próxima do set foi Ekki Múkk do disco Valtari de 2012, e diga-se de passagem que o vídeo dessa música é um dos mais bonitos já feitos, ao vivo é inexplicável. A voz de Jónsi tem um poder e ao mesmo tempo uma calmaria que faz você se transportar para uma outra dimensão. Em seguida, uma das mais conhecidas da carreira, Glósoli do disco Takk, foi recebida calorosamente por todos que estavam aparentemente emocionados.

E-bow e Dauðalagið do disco ( ) de 2002 foram um dos melhores momentos da apresentação, o público estava completamente extasiado, sem desgrudar os olhos do palco, logo em seguida tivemos a honra de escutar uma música inédita, intitulada Varða.

A linda Sæglópur teve uma performance majestosa e também hipnotizante, aliás, qualquer música do Sigur rós soa assim ao vivo, e se você acha exagero, Ný baterrí também pode provar o que estou dizendo.

Uma pequena pausa, todos os integrantes saíram do palco e apenas Jónsi voltou para dar início a Vaka faixa do disco ( ), a sombria Kveikur do último disco lançado com o mesmo nome veio em seguida para quebrar o clima de calmaria. Mais uma pequena pausa e eis que Jónsi prepara seu arco e dá início a Festival do disco Með suð í eyrum við spilum endalaust, uma das mais emocionantes de toda a apresentação.

A banda saiu do palco e enquanto isso o público pediu bis durante alguns minutos, eles voltam para fechar aquela noite mágica com Popplagið e que espetáculo! Inclusive aqui vai os meus parabéns para Georg Hólm, eu poderia ficar ouvindo aquelas linhas de baixo a noite inteira, o público ficou em êxtase enquanto a banda tocava intensamente durante seus quase 11 minutos de música. E então era o fim, o sonho de ver os islandeses do Sigur rós estava realizado aquela noite.

Concluindo nas palavras da Tatyane:

O show foi mágico! E se você acha os discos incríveis, imagine que eles não fazem jus a apresentação ao vivo. Foi como ser criança e presenciar o mundo todo de uma vez só. Foi como se esse fosse meu primeiro show mesmo e eu nunca tivesse experienciado nada parecido.

Aliás, eu nunca realmente presenciei nada nesse porte. Já perdi as contas de quantos shows vi, mas nada como Sigur Rós. Só as luzes, com a câmera filmando cada movimento dos músicos e projetando no telão, ora com luzes vermelhas, ora com pontinhos, ou apenas um borrão, já valiam o ingresso.

Jónsi é incrível ao vivo. Provavelmente um dos músicos mais afinados que vou ter a honra de conhecer, uma presença de palco tão imensa e majestosa, que torna impossível desgrudar os olhos de sua apresentação. Tudo é tão intenso, tão bonito, esteticamente pensado em cada detalhe. Foi tudo tão bonito, que me pegava praticamente chorando em diversos momentos.

O “crescendo” das músicas é tão bem trabalhado, especialmente pelo baterista, Orri Páll Dýrason, a explosão arrebatadora, chega a aquecer a alma e acalentar todos os corações da plateia. As músicas tem melodias extremamente bem trabalhadas, trazem paz e sensibilidade, depois de um momento se tornam agitadas, trazem uma mistura de sensações tão fortes que fica difícil descrever.

É de tirar o fôlego, e quando você pensa que não vai mais conseguir respirar, ela acaba. Uma grande tempestade seguida de imensa calma.

Acho praticamente impossível alguém não ter gostado da performance de ontem. É inegável o talento dos artistas, seu comprometimento em entregar um momento inesquecível e mágico a todos nós. Espero que essa não seja a última vez que teremos a honra de presenciar tal espetáculo!

Setlist:
01. Á
02. Ekki Múkk
03. Glósoli
04. E-bow
05. Dauðalagið
06. Varða
07. Sæglópur
08. Ný batteri
09. Vaka
10. Kveikur
11. Festival
12. Popplagið