No sábado dia 16 de setembro, sob um calor infernal de 32º graus fomos em direção ao conhecido Carioca Clube Pinheiros, que recebeu mais uma edição do Overload Music Fest, o festival mais foda e com as melhores bandas do planeta (sem exageros).
Como é de praxe fizemos um esquenta no bar ao lado e exatamente às 16h30 começou a entrada do público, a fila ainda estava pequena, mas algumas pessoas estavam ali desde às 7 da manhã, outras chegaram no momento em que as portas foram abertas.
Ao entrar, fomos direto para a área externa ao lado da casa onde havia um espaço para meet & greet com as bandas e também um para a venda de hambúrgueres gourmet, na parte interna havia uma pequena exposição com ilustrações feitas por Fursy Teyssier, fundador da banda francesa Les discrets.
Dentre as obras haviam as artes das capas de discos do Alcest, do próprio Les discrets e outras inéditas, todas estavam à venda por um preço bacana em impressão do tipo pôster. Havia também uma banca com camisetas das bandas e do festival, inclusive formou-se uma fila bem grande, e a banca de discos também estava bem movimentada.
O público ainda entrava quando por volta das 17h40 subiu ao palco a primeira atração da noite, o vocalista John Haughm da extinta banda Agalloch, que encerrou suas atividades em 2016, e inclusive, já foi uma das mais pedidas pelo público.
Com um visual que lembrava o vocalista da banda inglesa Fields of the Nephilim, sozinho com sua guitarra e pedais, ele deu início a uma apresentação fria e introspectiva, acompanhada por algumas imagens no telão.
Não que John não seja um bom músico, pelo contrário, é talentoso e poderia ter feito uma apresentação em formato acústico que seria mais interessante, acontece que a sonoridade de sua carreira solo é algo mais direcionado ao drone, com riffs repetitivos e passagens mais atmosféricas que talvez façam mais sentido se assistidos sentado em um teatro.
A apresentação durou cerca de 35 minutos, o músico simplesmente se retirou do palco sem agradecer o público, antes mesmo disso muitos já deixavam a pista para participar do primeiro meet & greet da noite com a banda islandesa Sólstafir.
Com a casa mais cheia e também no horário previsto subiu ao palco a segunda atração da noite, muito esperada por todos, os franceses do Les discrets foram muito ovacionados pelo público, o set já começou com L’échappée e deixou os fãs enlouquecidos, em seguida a pesada Les feuilles de ”l’olivier.
Durante a apresentação Fursy esboçou sorrisos de felicidade por estar ali tocando pela primeira vez para o público brasileiro, que há tempos aguardava um show aqui e que até então parecia tão impossível de acontecer.
O set teve músicas de todos os discos, inclusive interessante citar que as músicas do recente Prédateurs funcionam muito bem ao vivo, como podemos ouvir em Le Reproche e Virée Nocturne, além do mais foi incrível escutar Le Mouvement Perpétuel, Après l’ombre, La nuit muette e La traverséee do segundo disco lançado Ariette Oubliées, a clássica Song For Mountains fechou majestosamente a apresentação.
Sem sombra de dúvida esse foi um dos melhores shows que o festival já teve, nada menos esperado de uma banda extremamente simpática e profissional, o som estava perfeito, a iluminação, todas as pessoas que estavam ao redor ficaram apaixonadas e emocionados com a performance, parece que tudo colaborou para que aquele momento fosse eterno, daqueles que serão lembrados para o resto da vida.
Durante o meet & greet eu tive a oportunidade de dizer ao Fursy que Alcest e Les discrets são uma das melhores bandas desse mundo, ele sorriu e disse ‘’Ohh muito obrigado’’. Exagero meu? Não!
Setlist:
01. L’Échappée
02. Les feuilles de l’olivier
03. Le Reproche
04. Virée Nocturne
05. Le Mouvement perpétuel
06. Chanson d’automne
07. Après l’ombre
08. La nuit muette
09. La traversée
10. Song for Mountains
No meio tempo entre o fim do show do Les discrets e a espera pela próxima banda, algumas pessoas foram ao meet & greet com John Haughm e outras esperavam ansiosamente pelo Sólstafir, banda que tem ganhado destaque e sucesso por onde passa.
Com um pequeno atraso, eis que as cortinas se abrem e ali estão, os quatro rapazes de um dos países mais adoráveis do mundo, de início um pouco tímidos, mas os islandeses mostraram que não tem nada de frios, o vocalista Aðalbjörn Tryggvason extremamente carismático conquistou o público, o baixista e guitarrista mantiveram a pose, mas certamente também foram contagiados pelo belíssimo show e pelo carinho dos fãs brasileiros.
Mesmo com letras impronunciáveis, conseguiram arrancar alguns versos da comovida platéia que tentava acompanhar as músicas, como em Ótta e Fjara, que os tornou conhecidos no mundo inteiro. O set foi curto levando em consideração a duração das músicas, mas tiveram canções de quase todos os discos e parece ter deixado os fãs satisfeitos.
Aðalbjörn fazia sempre questão de estar em contato com o público, antes de anunciar uma das músicas agradeceu e disse que seu português não era bom, então perguntou a um fã como se falava Black Sands em português, ”Areias negras?” – perguntou ele.
Em seguida, mais uma mensagem de agradecimento por estar pela primeira vez tocando no Brasil, emocionado ele anunciou a última música da noite, bem esperada por todos, finalizaram com Goddess of the Ages, do disco Köld, durante a performance o vocalista se equilibrou na grade, cumprimentou todas as pessoas possíveis, tirou selfies e filmou com os vários celulares que lhe eram entregues.
Setlist:
01. Silfur-Refur
02. Ótta
03. Náttmál
04. Ísafold
05. Djákninn
06. Fjara
07. Svartir Sandar
08. Goddess of the Ages
O último show da noite ficou a cargo da banda norueguesa Enslaved. De primeira já podemos dizer que eles não decepcionaram como headliners, um pequeno atraso de 15 minutos e algumas falhas no início da apresentação somado a uma parte do público que não sabia muito o que esperar mas… valeu a pena!
Mesmo quem estava cansado conseguiu se animar, em algumas músicas tiveram mosh-pits e aos poucos a banda foi ganhando a simpatia de todos, podíamos ver as cabeças tímidas aos poucos sendo contagiadas pelos blast-beats e guitarras sujas.
É um tipo de som que agrada até mesmo aqueles que não são fãs do gênero, além dos vocais rasgados que fazem parte desse estilo, podíamos escutar partes mais melódicas, tanto no instrumental quanto nos vocais, o que diferencia o Enslaved das outras bandas norueguesas, o setlist trouxe um pouco de casa disco e quem estava ali no Carioca Club sedento por um black metal progressivo teve sua ”alma lavada”.
Muito simpáticos, ressaltaram várias vezes que estavam muito contentes por tocar no Brasil pela primeira vez e animaram muitos fãs ao tocarem alguns sucessos mais antigos. Os noruegueses com certeza deixaram um gostinho de quero mais, e provavelmente seus fãs vão pedir um repeteco muito em breve.
Setlist:
01. Ruun
02. Death in the Eyes of Dawn
03. Ground
04. Ethica Odini
05. One Thousand Years of Rain
06. Heimdallr
07. Vetrarnótt
08. Allfǫðr Oðinn
09. Isa
Encore:
10. Slaget i skogen bortenfor
Por fim, parabéns a produtora Overload pela organização desse ano que foi bem melhor, pelas bandas inéditas e ao público que compareceu ao evento. Esperamos que no próximo ano possamos assistir mais artistas inéditos e que mais pessoas compareçam aos shows.
Fotos por: Renato Jacob
Imagens retiradas dessa resenha
Realização: Overload