Thalita Arruda é uma jovem multiinstrumentista e também a mente por trás da Anis Estrelado, projeto que surgiu na cidade de Araucária no Paraná. Para quem não sabe, Anis Estrelado é uma planta medicional originária da China ou Vietnã, conhecida por ser utilizada como calmante, óleo essencial ou aromatizante. O significado está conectado com o que ela desejava transmitir com suas músicas, um sentimento de amenidade e conforto.
A estreia do projeto veio com o primeiro EP sonhandoacordado, lançado em junho de 2019 com três músicas gravadas e produzidas de forma totalmente independente, em casa, com microfone de celular, violão e um notebook.
Pouco tempo depois Thalita começa a trabalhar em novas composições, e a partir daí surge seu novo disco, o EP Como Vão As Plantas Lá Fora?, resultado do período em que esteve reclusa em casa. As quatro músicas são envoltas por uma sonoridade que vai de momentos delicados, espaciais e até barulhentos, vindos de suas referências em estilos como shoegaze, dream pop e psicodelia.
Você pode escutar o EP na íntegra:
Abaixo conversamos com a Thalita sobre seu projeto, as composições e inspirações para o novo EP:
Desde quando existe o projeto e como surgiu a escolha do nome Anis Estrelado?
Toda a ideia do projeto surgiu em 2019, passei alguns meses quebrando a cabeça pra encontrar um nome, mas até então não tinha encontrado nada que combinasse com a proposta.
Num certo um dia, passeado na internet, surgiu uma matéria sobre Anis Estrelado, e descobri que se usado medicinalmente, é um anti-inflamatório poderoso, e que o banho proporciona leveza e bem-estar. Achei que esse conceito casava bastante com o que eu queria passar e decidi que esse seria o nome.
Como foi o processo de composição e gravação do novo EP? Você acha que a situação atual teve um peso maior nas suas composições?
Todas as letras surgiram no meio da pandemia. Como tive bastante tempo, resolvi investir numa interface e gravar tudo em casa. Trabalhei sem pressa, explorei bem as letras e sonoridades até chegar nos arranjos que eu queria.
O processo todo levou em torno de 7 meses, tive a ajuda do Diego Wandal (Blue Rattle Funk), que me auxiliou com opiniões e na mixagem, e do Alexandre Honório (Estúdio Bunker Cultural), que fez a masterização “The Winter Came”.
Com certeza! No meio da ansiedade e angústia do momento, surgiram as letras de “The Winter Came” e “I Cannot Wait to See”, que falam justamente sobre a nossa relação com o mundo externo, e a importância de ter esperança de que as coisas vão passar.
Geralmente você busca inspirações em quais coisas para compor suas músicas?
Nas letras, eu gosto muito de refletir sobre ansiedade, futuro, nossa relação com o tempo e espaço, a inspiração vem das experiências que tenho no cotidiano. Sonoramente, gosto da ideia de criar paisagens sonoras. Ouço várias coisas, mas me inspiro muito em estilos como dreampop e neo psicodélico, bandas como Melody’s Echo Chamber, Winter, Beach House, Slowdive, Courtney Barnett.
Hoje existem diversas ferramentas e possibilidades de se criar música em casa, você acredita que isso foi um fator importante para o surgimento de projetos liderados por mulheres?
Sim! Hoje em dia é cada vez mais simples criar conteúdo, mesmo que não se tenha tantos recursos. Se aprende muita coisa na internet, é mais fácil de encontrar e contatar pessoas que tem ideias parecidas, é lindo de ver as parcerias que tem surgido nessa era.
É fundamental que as mulheres tomem a frente do meio artístico e consigam mais visibilidade! Fico muito feliz em ver cada vez mais artistas e produtoras no ramo.
Ainda é cedo pra falar, mas o que você espera realizar no futuro, shows ao vivo com banda ou um novo vídeo?
Tenho planos para montar uma banda! Gostaria muito de participar de alguns eventos e tocar com outras bandas do meio alternativo. Quanto aos vídeos, já tenho o de “I Cannot Wait To See” pronto! Sai em dezembro.
Pra finalizar, se você pudesse escolher uma das suas músicas para compor a trilha sonora de um filme, qual música e filme você escolheria e por quê?
A música “O Que Eu Não Sou”. Para o filme “As Vantagens de ser Invisível”
A letra fala sobre não se encaixar no que nos é imposto e assumir o que você é, criar seu próprio lugar de conforto, mesmo que ele não seja o que esperam. No filme, os personagens estão em fase de descobertas, e lidam com diversos conflitos, onde eles precisam se desfazer e refazer o tempo todo.
Na cena icônica, em que Charlie, Mary Elizabeth e Patrick percorrem o túnel de carro, os três se sentem livres e confortáveis em serem exatamente quem eles são, e no desfecho, eles estão seguros com suas escolhas, um estado de espírito que casa bem com a música.
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