The Self-Escape é o projeto comandado pelo cantor, compositor e produtor pernambucano Felipe Buarque. Além de criar sua própria identidade, ele busca referências num apanhado de ótimos artistas do meio pop e eletrônico como Alt-J, Lana del Rey e The Weeknd.
Em 2017, ele lançou seu primeiro EP Uma Carta de Mudança, que trazia cinco músicas e uma sonoridade mais voltada ao folk e mpb. No ano seguinte, começou a divulgar algumas músicas novas, dessa vez assinando como The Self-Escape, o resultado foi o EP Polarize (Pt. 1).
Um ano depois ele retorna com o lançamento de Polarize (Pt. 2), o disco tem seis músicas, todas compostas no período que antecedeu a pandemia. A sonoridade segue um clima moderno, ameno e minimalista, tanto nas guitarras quanto nas batidas e sintetizadores.
Nas letras Felipe retrata as relações humanas, seja aquela amizade falsa, tóxica e gananciosa como no single ‘Go‘, ou até mesmo as paixões e os diferentes momentos que vivenciamos, desde seu início ‘nas nuvens’ até o seu fim mais amargo como em ‘From Lovers to Dust’.
‘From zero to friends
Refrão da faixa 1 ‘From Lovers to Dust’.
From friends to lovers
From lovers to dust
I gotta start all over…
Sobre a composição do novo EP ele diz:
“Me doei 100% aqui. Este EP é fruto de uma imersão de seis meses no meu home studio. Ele fica no meu quarto. E bem, não saio de casa há mais de seis meses devido ao COVID-19. Isso mostra a profundidade que essas músicas têm para mim. Me inspiro em The Weeknd, The xx, Lana Del Rey e Khalid enquanto crio o meu próprio estilo. Não me preocupei com o que está ou em alta ou rende dinheiro. Apenas coloquei tudo o que penso e sinto”.
Aproveitando o lançamento de Polarize (Pt. 2), batemos um papo rápido com o músico sobre o disco e suas letras:
Conta pra gente como foi compor o novo EP em casa, em meio a toda essa situação nova e desafiadora de lidar com um bocado de notícias e acontecimentos ruins?
Cara, com relação às letras em si, boa parte delas foram de situações pré-pandemia. E, assim como o próprio processo de produção, até me ajudaram a desconectar um pouco da vibe apocalíptica que está rolando. Além disso, já tenho um processo bem solitário de criação, então, nesse quesito, foi até um pouco mais “fácil” de me adaptar.
Logo no começo da pandemia decidi fazer o máximo que podia para ajudar (basicamente ficando em casa enquanto fosse possível) e sem criar muitas expectativas de quando iria acabar. Então isso acabou me desprendendo um pouco dos acontecimentos diários.
No disco você fala sobre relacionamentos e relações tóxicas, você acredita que a internet é a grande vilã do novo amor, uma vez que se tem tudo de forma rápida e prática, e pessoas são descartadas em apenas um deslize?
Eu acredito que a internet de certa maneira realmente contribua negativamente em muitas relações pessoais. A superexposição de tudo, a necessidade de aprovação de pessoas que muitas vezes a gente nem conhece direito, etc. Mas também tenho convicção que as relações, quando verdadeiras, transcendem o digital.
Mesmo que tenham nascido nela. Acho que cabe a nós, como indivíduos, sabermos diferenciar o que realmente é real, e, continuar entendendo os impactos das redes sociais nas nossas vidas. Sou otimista quanto a essa conscientização haha
Você citou alguns nomes internacionais que são suas influências, falando agora sobre a cena nacional, quais artistas você gosta ou costuma ouvir?
Pode até soar como surpresa, mas dois dos artistas brasileiros que mais ouço são Luiz Gonzaga e Djavan. Não só por simplesmente gostar demais das músicas (em todos os sentidos), me inspiro neles ainda mais pelo fato de serem excelentes cantores, compositores e instrumentistas. Características que busco demais evoluir em mim como músico. (A impressão que tenho, é que a identidade artística fica bem mais coerente/evidente).
Além dos que citei acima, outros nomes como Nação Zumbi, Geraldo Azevedo, Cazuza e Tim Maia também são influências. Quanto a artistas mais atuais, Mateus Asato é realmente um ídolo pra mim, tenho acompanhado um tanto da cena do rap/trap (Baco Exú do Blues, Djonga, Matuê) e pra um lado mais alternativo, eu diria que a Tuyo, hoje, é minha banda nacional predileta.
Mesmo com as limitações de uma pandemia, o que você tem de planos pela frente, pretende gravar algum vídeo para as músicas?
Essa é a pergunta de ouro haha Voltei para Recife recentemente e pretendo ficar por aqui até que essa situação toda se normalize. Esses dias tenho organizado um lugar para que eu possa voltar a produzir normalmente, e, resolvendo isso, já tenho algumas ideias engatilhadas. Quero demais fazer trabalhos audiovisuais para músicas como “Go”, “From Lovers to Dust” e/ou “Again”; tenho ensaiado para gravar um EP com versões acústicas para algumas das músicas; e quero, claro, dar continuidade a algumas músicas novas!