Artista/Banda: Slowdive
Álbum: Everything is alive
Gênero: Dream pop, Shoegaze, Indie, Post-Punk, New-wave
Ano: 2023
Destaques: Alife / Kisses
Slowdive acabou de lançar o quinto álbum de estúdio, Everything is alive, soando bem diferente do seu antecessor homônimo da banda, Slowdive de 2017. Vale lembrar que o destacamos em uma de nossas matérias sobre os melhores álbuns do ano listados pelo AOTY (Album of the year). Sendo listado em primeiro lugar na época por diversas listas, foi realmente uma agradável surpresa. Ainda mais pensar que eles não lançavam nada desde o Pygmalion de 1995.
O nome do álbum em conjunto com a capa (que lembra muito uma espécie de mandala em forma de labirinto) remete a uma proposta mais esotérica por parte da banda. Nos dá a entender que talvez o futuro aponte para cada vez mais experimentações em sua sonoridade.
Shanty, primeira faixa do disco é bem mais experimental que de costume, ainda que acompanhada pelo dream pop, principalmente nos vocais. Soa mais eletrônica, aquele eletrônico que Moby ou Chemical Brothers usava, mas claro que de forma mais sútil. A letra continua com a temática de relacionamentos, não tem um refrão muito marcante e acaba ficando um pouco cansativa ao longo dos cinco minutos.
A segunda faixa, Prayer remembered, é toda instrumental e acaba soando como uma longa introdução para Alife. Rachel Goswell, vocalista e guitarrista, disse em uma entrevista para Billboard, como a morte da mãe dela e do pai do baterista Simon influenciaram as gravações desse álbum. E acho que essa música ilustra bem isso. Tanto a letra como a música soam como uma despedida para pessoas que nos deixaram, soa nostálgica mas esperançosa.
Ela segue um pouco o padrão de alguns hits do álbum anterior, primeiros versos por Rachel, complemento do vocalista Neil Halstead, riffs marcantes por alguns segundos antecedendo o refrão base da música, e continua esse ciclo até o fim da canção. Apesar de seguir a receita, foi a minha favorita até aqui.
Andalucias Plays, quarta faixa do disco, é um solo do vocalista, mais leve e sem muitas distorções no vocal como as anteriores. Soa como uma história sendo contada, com um refrão não muito marcante. Sem muitas mudanças ao longo da música, apenas a voz do vocalista recitando um conto em seus quase 7 minutos de música.
Kisses, primeiro single do novo álbum, provavelmente a mais comercial até aqui, com um clipe muito bom feito para divulgação que retrata bem a letra. É bem gostosinha de ouvir, lembra os hits antigos da banda.
Sexta faixa do disco, Skin in the game, outro single do álbum, com um refrão é o nome da música, mas que soa muito estranho, não faz muito jus à banda, acho que a que menos gostei até esse ponto do disco.
Penúltima faixa do disco, Chained to a cloud, começa com uma introdução feita com um tecladinho mais eletrônico seguido de um beat da bateria mais robótico também. De primeira, você não diria que é uma canção do Slowdive, mais uma das experimentações que esse álbum novo tenta entregar. A música segue com o Rachel e sua voz recheada de ecos, que se repetem a cada frase dita, mas que novamente, soa estranho e sem naturalidade.
Gostaria que esses efeitos tivessem passado a sensação de ouvir ela cantando como se tivesse embaixo d’água, ou no espaço (a sensação que tenho muitas vezes ouvindo uma música de shoegaze ou dream pop), só que aqui me tirou da imersão do álbum, se eu fechar o olho consigo imaginar eles trabalhando na pós-produção, pensando qual efeito incluir e em qual hora encaixar e etc.
A última faixa do disco, The slab, acaba por soar como um amontoado de sons, chega a ser difícil sentir, entender ou compreender ela. E com seus cinco minutos, acaba sendo um bom resumo do que o álbum entrega.
É difícil pra uma banda como o Slowdive tentar inovar, pois quando inova (como acrescentando eletrônico por exemplo) soa estranho; quando retoma seus trabalhos se autorreferenciando, acaba virando mais do mesmo.
Não que seja ruim se repetir, pois a discografia deles é linda, mas é difícil lançar um álbum que seja impactante depois de tantos anos de existência do shoegaze e dream pop. As vezes dá a impressão de que tudo que tinha pra ser feito no gênero já foi e agora é só reciclagem.
No geral, Everything is alive é um álbum apagado, que mesmo sendo um dos discos mais curtos da banda (41 min) soa como o mais demorado, parecendo um reciclado dos trabalhos mais antigos da banda, mas com adição de elementos novos, que em vez de entregar algo inédito e autêntico, acabou entregando algo genérico, sem muita coisa marcante para oferecer e soando apenas como mais um álbum de dream pop no meio de tantos.
Agora, um bom álbum de dream pop no meio de tantos? talvez com os anos ele envelheça bem, mas hoje eu considero um álbum ruim pra médio. Da discografia da banda é o mais esquecível.
Mas o que você achou do quinto álbum da banda? Concorda ou discorda do que eu disse? Me fala aí nos comentários, qual você mais gostou do álbum? Lembrando que esse ano eles tocam aqui no Brasil no Primavera Sound.
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