Ontem rolou o show da banda El Efecto no Sesc Pompéia. E definir a banda não é uma tarefa fácil, quando me recomendaram o som foi exatamente como “ah, é tipo um prog com samba com letras políticas”. Eu confesso que realmente fiquei com um pé atrás porque pensei em como isso realmente funcionaria. Ouvi algumas músicas no Spotify e achei muito boa, mas a minha maior surpresa viria com o show.
O que eu presenciei foi um verdadeiro espetáculo, uma explosão de som, tremenda intensidade, os vários instrumentos que brilhavam sozinhos, mas que ao mesmo tempo se completavam e traziam uma fluidez inesperadamente boa. Um show alegre, divertido, contagiante, que te pegava pela mão e te fazia dançar e pular junto com os artistas.
Sincronia impecável, que me fez esquecer de tudo ao meu redor nessas quase 2 horas de show. É realmente mágico ver tanta energia no palco, músicos que se entregam e conduzem a plateia com tanta emoção e paixão por aquilo que fazem.
A meu ver, o destaque da noite ficou por conta de Cristine Ariel (guitarra, cavaquinho e voz). Cristine brilha no palco, mostra toda sua maestria e desenvoltura com a guitarra. A noite toda eu a assisti e senti como se ela estivesse apenas brincando e se divertindo, ao mesmo tempo em que nos cativava com sua enorme alegria.
Depois de ver mulheres tocando bateria em cima de um palco, o que me alegra mais é ver mulheres tocando guitarra, porque simplesmente é uma das coisas mais belas que existem. Inspira a gente a querer um dia ser tão boa quanto elas.
O público foi adorável, sua grande maioria cantando todas as letras a plenos pulmões, o que me fez querer cantar também. Pulavam, dançavam, se permitiam ser levados pela batida, se comoviam com as letras e acabavam comovendo quem estava no palco.
Não encontrei maneira melhor de descrevem as letras da banda, então segue um trecho do próprio site da banda “As letras propõem interpretações críticas das atitudes individuais e coletivas, movimentando-se entre a angústia e a esperança, o pessimismo da razão e o otimismo da luta. Não se trata de pensar a arte como um escape para as frustrações de uma vida resignada, mas sim de tomá-la como um estímulo, um ponto de partida para questionamentos e – por que não? – transformações concretas.”
A banda trouxe temas ao palco como a libertação de Rafael Braga e a execução da Marielle Franco, mostrando que música é sim instrumento de resistência. Levantar pautas importantes sobre o cenário atual, propor a reflexão e não se deixar abater por conta disso, mas sim mostrar que juntos somos mais fortes e que continuemos lutando.
E que apesar de tudo, seguimos lutando, resistindo e fazendo música.
Ouça El Efecto: