Search

O indiepop nostálgico e romântico do Ablebody

Demorou mais tempo do que eu gostaria, mas eu finalmente vou falar sobre dois artistas ultra-talentosos que transformam em ouro tudo que tocam. Sim, eu estou falando dos irmãos Hoccheim, Christoph e Anton.

Eu sou extremamente suspeita para falar a verdade, porque eu amo praticamente tudo que eles já lançaram e contribuíram. Para quem não os conhece ou nunca ouviu falar, os dois já foram membros do aclamado The Pains of Being Pure at Heart (Christoph continua na banda) e do incrível The Depreciation Guild (que encerrou suas atividades em 2010).

Anton também é membro do Hit Bargain de queencore/artpunk, que lançou um álbum muito bom esse ano chamado Potential Maximizer, e está com o muito amado por nós Beach Fossils desde o álbum Somersault (2017) (particularmente o meu álbum preferido da banda).

Mas vocês sabem que nós nunca indicamos algo aqui que não acreditamos e adoramos. Então vocês podem confiar plenamente no meu selo de aprovação e aproveitar pra conhecer mais sobre um trabalho em específico deles.

Ablebody

Eu poderia escrever um post ou uma série de posts inteiros falando sobre todos os projetos, mas eu decidi falar sobre o meu xodó.

Ablebody nasceu em 2013, quando Christoph lançou o EP Remexès, seguido pelo EP Covers também em 2013 e depois o EP All My Everybody.

All My Everybody transita bem entre o indie pop e o shoegaze, com a presença muito mais forte do Anton no projeto e com muito mais personalidade, nos dando indícios de como o Ablebody seria.

É bem melancólico, reverb na voz como a gente gosta, boas doses de música eletrônica. Conseguimos perceber toda a bagagem trazida dos projetos de shoegaze e de dream pop nos quais eles participaram. Incrivelmente bom e melódico.  A trilha sonora perfeita para um coração partido.

[bandcamp width=350 height=853 album=3764088088 size=large bgcol=ffffff linkcol=de270f package=755775086]

Mas o verdadeiro espetáculo fica por conta do Adult Contemporaries lançado em outubro de 2016. É difícil comparar com outro álbum, algum que tenha me impactado tanto quanto esse nos últimos anos. Simplesmente fui fisgada por suas levadas pop e dançantes. Não que o álbum seja completamente alegre ou feliz, tem muita coisa melodramática, nostálgica e saudosa.

Tem referências dos anos 60, 70, 80 e um tanto dos 90 também, como se pegasse o melhor de cada década e unisse em um único CD. Completamente viciante e fácil de se apegar, cada refrão te conquista e te envolve facilmente. Quando você se dá conta, está cantarolando o álbum inteiro enquanto toma banho ou está a caminho do trabalho.

Talvez seja porque eu já desenvolvi um carinho enorme por esse álbum ou porque eu o ouvi demais, mas é como se soasse familiar.

E por familiar eu digo como se eu o ouvisse e me sentisse acolhida e abraçada. Divagando sobre as sensações que ele me transmite, talvez seja o clima de cidade grande, a noite de New York, o calor de Los Angeles, a atmosfera suave e romântica que permeia o álbum, muitas vezes me sinto dentro do meu filme favorito: Nick and Norah’s Infinite Playlist, que por si só já tem uma trilha sonora incrível e perfeita, mas que é completado por esse álbum.

11 músicas que me fazem sentir como se eu estivesse flanando por entre as doces e agradáveis nuvens melódicas. Te faz ter vontade de sair por aí e viver um grande amor (assim como no filme).

Resultado de imagem para ablebody

É complicado e bizarro tentar colocar isso em palavras, mas é como se eu conhecesse essas músicas de vidas passadas ou algo assim, por conta da conexão instantânea que elas me provocaram.

É como se tivessem colocado uma pequena parte da minha alma e de quem eu sou nas músicas sem nem ao menos me conhecerem. Ou como se uma parte de todo mundo estivesse presente nelas. Tudo isso é para que eu consiga dizer que me sinto representada e tocada por elas.

Divagações à parte, esse é o resultado da mistura e influências do melhor das últimas décadas musicais nas mãos dos músicos mais talentosos dessa década. O vocal doce e suave, as guitarras etéreas, os solos contagiantes e animados.

A bateria, que eu não faço a menor ideia de como poderia descrever isso, é a alma da banda, é tão Anton, tão característica que eu sinto como se pudesse reconhecer de qualquer lugar. As batidas são tão significantes, perfeitamente conduzidas, é bem estranho eu dizer isso, mas é como se ele também estivesse dando sua voz à música (da sua própria maneira).

Certamente é um dos bateristas que eu mais admiro e eu almejo um dia ser 1% da baterista que o Anton é, porém eu admito que não tenho talento e nem a força de vontade que isso me obrigaria a ter. Porém, eu me sento e observo quem realmente sabe dar um show.

Tudo funciona em completa sintonia e harmonia, não faço ideia se isso se deve a conexão que os gêmeos tem, muitas vezes comentada pela ciência, ou pelo fato de um completar magicamente as ideias do outro devido aos anos e anos de convivência.

Mas tudo é extremamente bem feito, incluindo os videoclipes que são um show à parte tanto pela estória que contam quanto pela complementação que fazem as próprias músicas. Boas estórias contadas enquanto a música toca, realmente te envolve durante a música e chega até ser mágico. Vale muito a pena conferir.

Aqui temos uma amostra de como seria vê-los ao vivo:

A banda consegue unir o rock e o pop de uma maneira singular, dando seus próprios toques e reinventando estilos que maioria acha que já não podem mais mudar. Eu particularmente gosto muito de todas as músicas do álbum, pois cada uma é especial em sua própria maneira.

Mas se eu tivesse que destacar as que eu mais gosto quando começam a tocar seria After Hours, Marianne e Powder Blue. São músicas extremamente singulares e nostálgicas pra mim, me conecto com elas como se as conhecesse há séculos, é bem peculiar o sentimento. Marianne e Powder Blue tem uma levada um pouco mais romântica e sonhadora, incrivelmente boas e cativantes.

O que me deixa bastante feliz e animada é saber que o próximo álbum está sendo gravado e produzido. Acredito que em 2019 poderemos contar com mais um trabalho incrível.

Espero que tenhamos o prazer de vê-los em terras brasileiras em breve, possivelmente venham com a Balaclava Records, conhecida por trazer grandes nomes da música indie para o país ou algum outro produtor esperto.

Espero também conhecer mais pessoas que admiram a banda assim como eu e que esse post faça vocês conhecerem mais artistas bacanas e talentosos. E espero que depois desse texto vocês sintam motivados e curiosos para conhecer o som da talentosíssima banda Ablebody!