Artista/Banda: Moby
Álbum: Play
Gênero: Downtempo / Alternativo / Techno
Ano: 1999
Média: 8/10
Destaques: Natural Blues / Why Does My Heart Feel so Bad? / Porcelain
Você conhece o Moby?
Não esse, o com Y…
Não esse, o outro…
ESSE!
Hoje eu vou falar um pouco sobre o Moby, um cantor estadunidense que anda meio esquecido pela grande mídia, mas que com certeza marcou o final da década de 90 e o inicio dos anos 2000. Para ser mais preciso, falarei sobre seu quinto álbum (e único que ouvi) chamado “Play”.
O álbum em si passa uma sensação nostálgica, mesmo lançado ainda na década de 90, ele soa muito anos 2000, toda a sensação que aquele período passou, uma certa esperança de mudança, deixando os anos de guerras mundiais pra trás, o pós-guerra, mas ao mesmo tempo carregado de incertezas, de “e agora?”; é existencialista, questiona a vida, a morte, as relações, os sentimentos, em cada passagem você vai de êxtase extremo pulando junto com os beats até se jogar na cama e refletir sobre o que você fez da sua vida até agora.
A primeira faixa, “Honey”, olha para o passado, usando o sampler da música “Sometimes” de 1960, da cantora americana de blues Bessie Jones, para martelar uma incerteza em seus refrões, quase uma tragicomédia. Quando menos perceber vai estar batendo palma e cantando junto:
“Get my honey come back, sometimes
Get my honey come back, sometimes
Get my honey come back, sometimes”
Seguida por “Find My Baby”, que soa quase como uma continuação da primeira faixa, aqui Moby usa outro sampler dos anos 60, dessa vez de “Joe Lees Rock”, música gravada por Boy Blue, um cantor de Blues americano. Com a bateria bem marcada, é outra das animadas do álbum.
A terceira faixa, “Porcelain”, é uma reflexão forte sobre um fim de relacionamento, começa com um som profundo, soa quase como uma fita sendo rebobinada, é possível se imaginar voltando a certos momentos e se questionar em relação ao que ocorreu entre os dois, sobre o que foi feito ou não… Aqui o piano dita a melodia melancólica em pausas, deixando a forte bateria marcar o tempo, a incrível backing vocal Diane Charlemagne suspira tão docemente que machuca, tamanho feeling e carga que a música carrega.
“I never meant to hurt you
I never meant to lie
So this is goodbye?
This is goodbye”
Em seguida, uma música tão simples e tão incrível que fez até mesmo o próprio Elton John aparecer de “surpresa” em um dos shows do Moby para ele mesmo cantá-la:
“Why Does My Heart Feel So Bad?”.
Assim como a anterior, é uma música reflexiva, profunda, existencialista; assim como no clipe, é fácil se imaginar sentado sob as nuvens escutando o refrão:
“Why does my heart feel so bad?
Why does my soul feel so bad?”
Começa com um piano muito bonito, em seguida vem um beat bem forte acompanhando, vem a backing vocal quase que clamando, suplicando por uma mudança. Uma das primeiras que o Moby começa a flertar com uma “entidade” superior, com a fé, mas obviamente fica a interpretação aberta…
Outro ponto interessante desse refrão cantado pela Diane Charlemagne é que não da pra saber ao certo o que ela canta, eu sempre entendi como “These open doors”, mas em alguns sites apresentam a letra como “He’ll open doors”, e talvez isso seja proposital! Cada ouvinte vai sentir algo diferente ao ouvi-la, a interpretação será moldada pela experiência pessoal do ouvinte, pela fase da vida em que ele se encontra. Com certeza em cada ouvida será uma nova descoberta
“South Side”, quinta música do álbum, é uma boa música, mas é uma das esquecíveis, tem um refrão um pouco irritante, aqui pela primeira vez na jornada escutamos o som de uma guitarra, o que chama mais atenção na música o final das contas, talvez seja boa para fazer uma roadtrip , como a própria letra sugere.
“Rushing” inicia um beat leve e tranquilo, não nega a vertente downtempo, me lembrando muito o bom e velho trip hop (que as vezes é difícil separar um de outro), álbuns como o “simple things” da banda Zero 7, que um dia falarei aqui ainda.
A sétima faixa do disco, “Bodyrock”, é mais uma dançante, aquela formula marcante do álbum, beats marcados e samplers. Essa podia facilmente ter entrado na trilha sonora de Matrix, combina muito bem.
A oitava faixa, “Natural Blues” usa o sampler de “trouble so hard”, música de 1939 da cantora Vera Hall, é cheia de simbolismo, o violino é soturno, mais uma suplica assim como a quarta faixa, a canção nos deixa reflexivos ao som de uma bateria bem marcada.
“Run On”, a décima primeira faixa, mais uma das “tragicomédia” do Moby, usa samplers de “Run On for a Long Time” do Bill Landford and the Landfordairs. É uma música reflexiva também, vivemos de aparência? Estamos vivendo?
Pra mim, se o álbum acabasse depois de “Natural Blues” com “Ru On” seria perfeito, mas ele se estende muito, as outras faixas que não comentei são completamente esquecíveis e genéricas, ainda assim, dito isso, é um álbum incrível e merece ser ouvido e mais falado.
Mesmo cheio que músicas dançantes eu não recomendaria ouvi-lo com essa intenção, é um álbum pesado, você termina de ouvir e fica cansado mentalmente, mesmo depois de tantas músicas maravilhosas, ele é angustiante e incerto, como a vida pode ser em um outro momento, em uma ou outra faixa.
Outras resenhas feitas por mim: Jeff Buckley
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